Introdução: Considerando a transição demográfica e epidemiológica brasileira, as demandas endereçadas à Atenção Primária à Saúde (APS) mudaram o perfil assistencial, exigindo a estruturação de novos serviços e programas que atendam às demandas da população, bem como, outras formas de produzir o cuidado. Dessa forma, o Programa de Atendimento Residencial (PAR) surgiu no intuito de ser referência aos profissionais da APS no sentido de assessorar e propiciar apoio matricial, bem como suporte técnico e pedagógico, no que diz respeito a troca de dispositivos, avaliação de lesões complexas e conduta de curativos de alta tecnologia, colaborando na resolutividade e longitudinalidade do cuidado. Objetivo: Compreender o perfil de pacientes atendidos pelo PAR com os profissionais da APS, no município de Cascavel/PR. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de campo, com caráter bibliográfico, descritivo, retrospectivo e documental com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados no prontuário eletrônico dos pacientes, referente ao período de junho de 2018 a junho de 2021. Resultados: A amostra do estudo foi composta por 379 pacientes, sendo que, destes, 53,3% (n= 202) são do sexo masculino. Referente à faixa etária, 41,2% (n= 156) têm entre 60 e 79 anos de idade. No que tange às patologias de base, sobressaíram-se as doenças cardiovasculares e/ou metabólicas, representando 38,3% (n=145). Quanto à mobilidade, 46,2% (n= 175) são acamados, o que pode contribuir para alta incidência de lesão por pressão, sendo representados por 33,8% (n= 128). Outro dado relevante é que 37% (n= 140) dos 379 pacientes possuem um ou mais dispositivos, o que demanda cuidado compartilhado e multidisciplinar. Conclusão: A população do estudo é composta pela maioria idosos, com policomorbidades associadas, mobilidade comprometida, acamados, com lesões complexas e em uso de um ou mais dispositivos. Nos dias atuais é comum nos depararmos com pacientes na APS que apresentam elevado nível de complexidade assistencial, demandando ainda mais dos profissionais. Nesse sentido, o PAR apresenta-se como componente educador e formativo, ampliando a resolutividade das demandas por meio da qualificação dos atendimentos e dos profissionais que prestam o cuidado direto. Dessa forma, embora seja um modelo novo de assistência, o PAR vem com a possibilidade de replicação em outros municípios, uma vez que o processo de trabalho necessita basicamente de tecnologias leves e leve-duras para produção do cuidado.