Introdução: A violência consiste no uso da força física ou poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade, que tenha qualquer possibilidade de causar danos à dignidade, saúde, morte, dano psicológico e sexual. Frente às crianças e adolescentes consideram-se quatro tipos de violência recorrentes, a saber: violência física, sexual, psicológica e negligência. Os Agentes Comunitários de Saúde como profissionais da Estratégia de Saúde da Família realizam o elo entre o setor de saúde e a comunidade e dentre suas atribuições, tem-se notificar situações que sugerem riscos iminentes à saúde física, mental, social e espiritual do ser humano, como as violências. Objetivo: Identificar o conhecimento de Agentes Comunitários de Saúde sobre consequências que incidem em crianças e adolescentes vítimas de violência. Metodologia: Estudo exploratório, descritivo, de abordagem qualitativa. A coleta de dados foi realizada entre abril e maio de 2022 por meio de entrevistas semiestruturadas. Obteve-se participação de 21 Agentes Comunitários de Saúde da cidade do Crato, Ceará, Brasil. A análise dos dados foi efetuada por meio da categorização temática. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob Parecer nº 5.274.532. Resultados: Participaram 19 Agentes Comunitários de Saúde do sexo feminino e dois do sexo masculino. A partir das falas foi possível identificar que os Agentes Comunitários de saúde associam as consequências que incidem em crianças e adolescentes vítimas de violência à repetição do ato de violência, presença de alterações psicossociais, traumatizadas, retraídas, com ansiedade, inseguras, frustradas e depressivas, assim como, com maior possibilidade de ingresso no cenário das drogas e prostituição ou ver a violência como manifestação normal, tornando-se adultos violentos, com repercussões futuras no sua formação familiar. Conclusão: Estão evidenciadas consequências nítidas que incidem em crianças e adolescentes vítimas de violência na percepção destes profissionais, relacionadas à reprodução do ato de violência com as pessoas à sua volta, alterações psicossociais, isolamento e atitudes que podem repercutir na dinâmica e organização familiar. Assim, este estudo permite perceber a vulnerabilidade desse grupo quando vítimas de violência, assim como demandas dos profissionais Agentes Comunitários de Saúde em criar estratégias que potencializam ações de educação em saúde visando a prevenção de violência.