A saúde mental da população constitui um grave problema de saúde pública (WHO, 2018). A carga global de doença (Global Burden Disease - GBD) associada às doenças mentais tem sofrido aumento nos últimos anos (VIGO; THORNICROFT; ATUN, 2016). No Brasil, 12% da população necessitam de algum atendimento na rede de saúde mental e 3% sofrem de transtornos mentais graves e crônicos (BRASIL, 2015). Neste contexto, a organização da assistência deve ser a partir de parâmetros específicos que orientam e qualificam seu método de trabalho do enfermeiro que deve estar habilitado para aplicar e documentar formalmente o processo de Enfermagem (PE) como instrumento metodológico do cuidado (BRASIL, 2017). Os objetivos foram: caracterizar o processo de cuidado em enfermagem na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS); propor protocolo de assistência de enfermagem no cuidado em saúde mental que esteja em consonância com os Princípios da Reforma Psiquiátrica e o Processo de Enfermagem. Estudo misto, realizado em duas etapas. A primeira qualitativa, do tipo pesquisa-ação, com a realização de entrevistas semiestruturadas e grupos focais com profissionais da enfermagem nos sítios de coleta de dados – Centros de Atenção Psicossocial com fins de construir os indicadores considerados essenciais para o processo de enfermagem. Na segunda etapa, quantitativa, validação do instrumento, com fins de avaliar o material produzido nas entrevistas e nos grupos focais, será utilizada uma escala de verificação tipo Likert. O cenário do estudo serão os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) das Áreas Programáticas (AP) 3.1, 3.2 e 3.3. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa (CAAE: 28427220.9.0000.5285; Parecer: 5.076.171). Os resultados do estudo revelaram que o processo de enfermagem é importante para a profissão, porém diferenciado das demais instituições de saúde. Os Enfermeiros nesse serviço trabalham com protocolos próprios elaborados e utilizam do Projeto Terapêutico Singular (PTS) como instrumento padrão direcionado ao cuidado, justificam que não existe um protocolo para cuidar dos sentimentos. Os mesmos afirmam que não existe uma sistematização possível para ser aplicada no CAPS, relatando que o PTS supre essa atual necessidade. Conclui-se que a Sistematização da Assistência de Enfermagem ainda é uma incógnita para os enfermeiros, que não conseguem visualizá-la como um instrumento capaz de oferecer os cuidados necessários na saúde mental.