Há um ano e sete meses a China anunciava ao mundo a ocorrência de uma misteriosa síndrome respiratória aguda que cursava com pneumonia. Essa doença viria a ser conhecida posteriormente como a COVID-19, que atingiu o estado pandêmico em 11 de março de 2020. Atualmente há um avanço nos estudos sobre a doença, seu potencial de transmissão e possíveis sequelas, com a implementação de testes e vacinas a nível mundial. No entanto, à época da realização da operação apresentada a seguir, tratava-se de uma situação nova, com grandes lacunas de conhecimento e informação. A enfermagem, que constitui peça chave nos diversos contextos de atenção à saúde, desde o início fez parte da linha de frente ao combate à pandemia da COVID-19. Assim, o objetivo do presente estudo é relatar a vivência da enfermagem em uma operação de evacuação aeromédica para retorno ao Brasil. Trata-se de um relato de experiência da equipe de enfermagem atuante na evacuação aeromédica de brasileiros potencialmente contaminados pelo SARS-CoV-2 que estavam em Wuhan, na China, logo após o surto do novo coronavírus. O relato, aprovado sob parecer 2.806.480, foi construído a partir de cuidados de enfermagem realizados em três momentos: pré-vôo, triagem e vôo. No pré-vôo, os cuidados incluíram a configuração da aeronave, o gerenciamento de áreas de contaminação, a previsão de material e equipamentos e, o dimensionamento da equipe precisa. Na triagem, a equipe preocupou-se em estar devidamente paramentada e, realizar atendimentos simultâneos e fracionados. Foram realizadas verificações de sinais vitais e, garantida a higienização adequada das mãos e troca de máscaras antes do embarque na aeronave. Durante vôo, a atuação concentrou-se na atenção ao manejo sistemático dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e cuidados de higiene para minimizar o risco de contaminação pelo contato prolongado com passageiros potencialmente contaminados. Ainda, foi garantido o revezamento entre os membros da equipe, visando uma melhor prestação de cuidado aos pacientes e, redução da fadiga gerada pelo uso prolongado do EPI. A enfermagem empenhou-se no planejamento de todas as ações dessa operação, que foi uma das mais longas, extenuantes e inéditas da história do transporte aeromédico do Brasil. Neste sentido, é possível observar que para desempenhar este tipo de função, o profissional de enfermagem deve ser bem capacitado, além de estar preparado para desempenhar seu papel em conjunto com uma equipe multiprofissional.