A pandemia de COVID-19 evidenciou a precariedade das ações e políticas de saúde voltadas aos povos indígenas do Brasil. São 163 povos afetados e estudos apontam a alta taxa de transmissão da infecção, demonstrando ser 5 vezes maior em comparação à população não-indígena. Objetivou-se descrever as ações de controle social das políticas de atenção à saúde indígena durante a pandemia de COVID-19. Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo, do tipo relato de experiência, das ações do Movimento Coletivo O Povo e o SUS (PSUS), entidade não governamental, sem fins lucrativos e apartidária, de ativistas pelo direito à saúde do Sul da Bahia, no período de agosto de 2020 a julho de 2021. Os sujeitos envolvidos trabalham voluntariamente no planejamento, execução e divulgação de atos, ações, programas e projetos que discutem e mobilizam a população na proteção e promoção da saúde dos povos indígenas do Brasil. As ações são realizadas de forma integrada e participativa, em caráter virtual, utilizando-se das plataformas digitais para sua execução. O coletivo integrou diversas mobilizações para a criação de um plano de contingência sanitária em terras indígenas, através de publicações nas redes sociais e produção de rodas de conversas temáticas. Na oportunidade, foram discutidos os desafios do combate à doença nessas comunidades já fragilizadas e as possíveis estratégias disponíveis para sua contenção. O encontro se deu virtualmente, e contou com mais de 50 participações, alcançando diversas regiões do Brasil, tais quais: Ceará, Rondônia, Uberlândia, etc. Além disso, foram publicados mais de 35 conteúdos através das plataformas Facebook, Instagram, Twitter e WhatsApp, com alcance aproximado de 1.500 pessoas, abordando a necessidade de proteger os povos indígenas da COVID-19, fornecer insumos às comunidades e garantir a segurança desses povos em relação a agentes externos. Com o início da vacinação contra a covid-19 no país, integrou-se a mobilização pela vacinação prioritária de povos indígenas aldeados ou não. Com isso, o PSUS se consolida como agente de controle social no Sistema Único de Saúde, garantindo participação da sociedade no controle das ações do poder público, bem como estimula o apoio à atenção de populações vulneráveis. A participação popular na proteção dos povos indígenas do Brasil é de extrema importância quando se considera que a coletividade em prol de uma causa social, auxilia na representatividade e consequentemente efetivação de direitos dessa.