Anais - 23° CBCENF
Resumo
Título:
DISPARIDADE RACIAL DE MORTES MATERNAS NO BRASIL ENTRE OS ANOS DE 2010 A 2019
Relatoria:
Aline Amenencia de Souza
Autores:
- Kelly Cristina Suzue Iamaguchi Luz
Modalidade:
Comunicação coordenada
Área:
TECNOLOGIA, PESQUISA, CUIDADO E CIDADANIA
Tipo:
Pesquisa
Resumo:
Introdução: No Brasil a morte materna é compreendida como um grave problema de
saúde pública, e os altos índices de mortalidade representam uma violação dos diretos
humanos das mulheres. Disparidades raciais na morte materna são comumente registradas
em países em desenvolvimento e países desenvolvidos. É de fundamental importância dar
foco aos estudos de mortalidade materna envolvendo gravidez, parto e puerpério,
analisando as diferenças entre a cor/raça dessas mulheres. Visto que isso identifica os
grupos mais vulneráveis e contribui para aprimorar a vigilância no cuidado e na tomada
de decisões dos gestores na perspectiva de implementação de medidas e/ou capacitações
que reduzam e previnam a disparidade nos de óbitos maternos por raça/cor. Objetivo:
Analisar a relação de óbitos maternos e raça/cor no Brasil entre os anos de 2011 e 2019.
Metodologia: Esta foi uma pesquisa exploratória, descritiva e retrospectiva utilizando
dados de óbitos maternos do Sistema de Informação sobre Mortalidade- SIM presentes
no Departamento de Informática do Ministério da Saúde (DATASUS) entre os anos de
2011 e 2020. Foi calculado o percentual e o Odds Ratio (OR) para verificar a relação de
cor/raça e óbitos maternos, por meio do software OpenEpi®, com intervalo de confiança
(nível de 95%) e nível de significância com p <0,05. Resultados: Nosso trabalho mostrou
que o percentual de óbitos maternos para mulheres negras aumentou no decorrer dos anos,
de 59,2% em 2010 para 66% em 2019, enquanto o percentual para mulheres brancas
reduziu de 34,1% em 2010 para 29,9% em 2019. O Nordeste foi a região do país com
maior incidência de óbitos para mulheres negras (77,1%). A oddios ratio (OR) apontou
risco de morte para mulheres negras cerca de duas vezes maior em comparação ao risco
para mulheres brancas. Em 2011 a OR foi de 2,779 (IC 95% 2,491-3,1) e em 2019 OR
foi de 2,905 (IC 95% 2,599-3,246). Conclusão: Conclui-se que existem disparidades no
risco de óbitos maternos entre mulheres negras e brancas no Brasil. Ainda que o país
apresentou nos últimos anos melhorias no setor de saúde e redução da mortalidade
materna, ainda é preciso implementações de ações, treinamentos e sensibilização dos
profissionais de saúde sobre a importância da atenção à saúde e o registro de dados de
raça/cor. Pois a partir disso, é possível melhorar a qualidade dos serviços maternos
ofertados a população, especialmente as mulheres negras, que é o grupo apontado como
mais exposto as desigualdades sociais.