Introdução: O Brasil possui uma das maiores populações carcerárias do mundo, impondo desafios estruturais no que tange a garantia de direitos das pessoas privadas de liberdade. A superlotação associada às precárias condições de higiene, bem como a incipiente assistência jurídica e de saúde, cerceiam as pessoas privadas de liberdade de condições dignas de vida. Ademais, há uma representação social que alimenta o imaginário coletivo e considera que todas as vulnerabilidades a que estão expostos os encarcerados são merecidas. Há, pois, uma condenação integral dessas pessoas que, já privadas de liberdade, acabam sendo privadas de dignidade. Tendo como pressuposto que a saúde é direito de todos e dever do Estado, há que se ressaltar a importância das práticas de enfermagem no contexto do cárcere para promover cuidado e resgatar, na medida do possível a humanidade das pessoas privadas de liberdade. Objetivo: Relatar a experiência de realização de práticas de enfermagem em um presídio no interior de Minas Gerais. Métodos: Trata-se de relato de experiência de práticas de enfermagem realizadas semanalmente no contexto de uma atividade extensionista do curso de Enfermagem de uma universidade pública do interior de Minas Gerais. Resultados: Foram realizadas práticas de enfermagem em três dimensões do cuidar. Na dimensão assistencial, foram realizadas consultas de enfermagem para atendimento de diabéticos, hipertensos, dependentes de tabaco e pacientes portadores de transtorno mental através de acolhimento de demanda espontânea, realização de curativos, aferição de pressão arterial e glicemia capilar e realização de campanha de vacinação. Na dimensão educativa, foram realizados grupos educativos com temáticas sobre riscos do tabagismo, alongamentos, promoção da saúde mental e sobre o sistema único de saúde. Na dimensão gerencial, foram realizadas práticas de organização da distribuição das medicações, com troca dos envelopes de todos os pacientes - inserindo na capa do envelope a posologia da receita - organização dos copos de dispensação da medicação, agendamento de escolta, contato com familiares para demandas de saúde, agendamento de consulta médica, triagem das solicitações de atendimento e agendamento de exames fora do presídio. Conclusão: A prática do enfermeiro no contexto do cárcere é fundamental para garantir o direito à saúde das pessoas privadas de liberdade e o acesso a um cuidado integral balizado pelas primícias da humanização e da excelência científica.