Introdução: O mundo contemporâneo é marcado por incertezas que atravessam o cotidiano da juventude a qual vivência conflitos entre o presente e o futuro, entre a dependência e a autonomia. Os enfermeiros recém-formados vivenciam desafios próprios da juventude e também situações desafiadoras decorrentes do distanciamento entre o que foi aprendido no processo formativo e a realidade dos serviços de saúde. Além disso, não conseguir desenvolver, na prática profissional, as competências adquiridas ao longo da graduação é um processo estressante que gera ansiedade e angústia. Tem-se como pressuposto que a inserção de enfermeiros recém-formados no mundo do trabalho é um processo que pode provocar reconfigurações identitárias decorrentes das contradições entre a profissão idealizada no mundo universitário e a profissão possível de ser vivenciada no mundo do trabalho. Objetivo: Conhecer a percepção dos egressos de um curso de Enfermagem sobre os desafios decorrentes de sua inserção no mercado de trabalho. Métodos: Pesquisa qualitativa, realizada com 94 egressos de um curso de Enfermagem em uma Universidade Federal no interior de Minas Gerais. A coleta de dados ocorreu por meio de questionário online no período de agosto a outubro de 2019. Os dados foram submetidos à Análise de Conteúdo. Os aspectos éticos foram respeitados. Resultados: Os desafios relacionam-se à gestão de pessoas e competências de gestão de conflitos na equipe de trabalho. O exercício da liderança também revelou-se como importante desafio no mundo do trabalho. Ademais, a cultura organizacional cristalizada e inflexível às mudanças, torna-se um choque para o jovem enfermeiro responsável pela liderança da equipe. Constituem-se, ainda, desafios aos egressos, questões relacionadas à macropolítica e ao processo histórico da formação da profissão de enfermagem como desvalorização profissional e falta de reconhecimento. Estes influenciam o delineamento identitário dos enfermeiros que, muitas vezes, não conseguem se perceber no exercício de sua prática. Conclusão: Evidencia-se que o gerenciamento de pessoas e a liderança são desafios comuns aos egressos, juntamente à cultura organizacional cristalizada na sociedade os quais revelam-se como dificultadores no início da vida profissional. Além disso, a inexperiência, desvalorização profissional e financeira e baixa autonomia constituem-se desafios que produzem importantes implicações identitárias nos profissionais.