A pandemia de coronavírus no ano de 2020 cria um cenário sem precedentes em relação à necessidade de reorganização dos serviços de saúde, em especial, àqueles que compõem a Atenção Primária à Saúde. Neste contexto, tornou-se necessária a estruturação de novas formas de assistência para os casos suspeitos ou confirmados de Covid-19. Junto a isso, a necessidade de manutenção dos serviços essenciais, garantindo o acesso da população ao cuidado em saúde, onde a restrição domiciliar, o distanciamento e isolamento social apresentam-se como importante estratégia de combate à disseminação da doença. Assim, este trabalho tem como objetivo apresentar o processo de construção e implantação da teleconsulta de enfermagem no município de Florianópolis-SC, bem como os desafios enquanto estratégia de assistência e cuidado à saúde. O percurso para a construção e implantação da teleconsulta em Florianópolis se deu a partir da necessidade imperativa de resposta da APS, que precisava manter seu funcionamento, frente à orientação de distanciamento social como um dos principais pilares para o controle da pandemia de Sars Cov 2. Por ser um tema recente no contexto da enfermagem, a consulta à distância mediada por meio eletrônico se apresentou como uma ferramenta nova e precisou ser construída rapidamente visto a exigência do cenário. Nesse processo, buscou-se estabelecer três etapas a serem trabalhadas: (a) Revisão Narrativa da Literatura; (b) Elaboração do Guia de Orientação à Teleconsulta de Enfermagem e (c) Validação e Avaliação junto à Comissão de Sistematização da Assistência de Enfermagem. O caráter complementar dessa ferramenta é reforçado à medida que se considera a longitudinalidade do cuidado, um dos atributos essenciais da APS, e o vínculo com a população adscrita como fatores facilitadores da implantação na ESF. A necessidade da avaliação e vínculo tornam-se mais relevantes do que nunca no contexto de complementação do atendimento virtual. A afirmação anterior é reforçada quando num cenário constante de redução de custos, esta ferramenta pode ser confundida com algo focado na produtividade e, consequente precarização da consulta de enfermagem. Esse fato deve ser sempre lembrado e discutido com objetivo de regulamentar a prática da teleconsulta, pois esta vem a somar e jamais a substituir o processo consolidado da Consulta de enfermagem, seja ela no setor público ou privado de saúde.