Em dezembro de 2019, foram diagnosticados em Wuhan na China diversos casos de pneumonia de causa desconhecida. Amostras de secreções do trato respiratório indicaram um vírus denominado como Coronavírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS), caracterizou como uma pandemia e os riscos de contaminação em massa. Uma pandemia provoca impacto social repercutindo na saúde, e ainda maior para o profissional que está na ativa, dentro das instituições de saúde. Em 18 meses nunca imaginaria como a pandemia impactaria minha vida pessoal, mas principalmente a profissional. Sentimentos como ansiedade, angústia e incertezas sobre o que estava por vir, como passaríamos por essa situação, o que aconteceria a todos nós. Com isso, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência de uma profissional da enfermagem na linha de frente em um hospital público no interior do Rio Grande do Sul, destacando a experiência profissional e suas percepções no enfrentamento ao vírus.Estar na montagem da UTI COVID, me possibilitou observar a dimensão do que nos esperava, o que precisávamos dispor para atender pacientes com uma doença tão pouco compreendida e estudada, a organização de escalas e dimensionamento de pessoal, as rotinas que deveríamos adotar tanto de logística quando de segurança para o paciente e para o profissional, tudo isso eram dúvidas e incertezas que nos atormentavam diariamente. Colegas deixaram seus lares para não colocar suas famílias em risco, optei por me isolar dentro de minha casa até mesmo da minha família. Com o início do atendimento vivenciamos situações estressoras, por medo da contaminação, passávamos longas jornadas de trabalho totalmente vestidas com equipamentos de proteção individual nos deixando exaustos. Oscilávamos entre o profissionalismo e a responsabilidade pelo nosso trabalho, com a sensação de tristeza por saber que éramos apenas nós doando nossos melhores sentimentos, aliados a técnica e comprometimento com a nossa profissão. Somos exigidos ao máximo em cada plantão, tanto em nosso conhecimento técnico, mas também em empatia pela dor do outro. Adoecemos fisicamente e psicologicamente ao longo desse período, exauridos em nossas forças, enfraquecidos pelo isolamento a que nos obrigamos a seguir não somente por nós, mas sim por aqueles que estão a nossa volta. A enfermagem espera ser cuidada e atendida em suas inquietações e desamparos, assim como ela cuida e zela pela população, já que não se há saúde sem a presença massiva da enfermagem.