Os protocolos clínicos apresentam inúmeros benefícios e devem orientar os profissionais da saúde na tomada de decisão. A adesão local a um protocolo de tratamento multidisciplinar baseado em evidências deve servir como base para o manejo do paciente e ser submetido a uma avaliação de qualidade regular. O uso atual de diagnósticos e terapias adicionais, como abordagem sistemática de acordo com os princípios do ATLS (Advanced Trauma Life Support), exames de imagens precoces, ativação de critérios para ativação do Protocolo de Transfusão Maciça (PTM), abordagem cirúrgica utilizando princípios de controle de danos com técnica de conservação do sangue tem sido estimulado por guidelines internacionais no atendimento ao paciente com choque hemorrágico. Ainda que os princípios da avaliação da perda sanguínea pediátrica sejam similares aos dos adultos, é necessário que haja ajustes nos protocolos específicos para a pediatria. Neste contexto, objetivou-se relatar a experiência de atuação do Enfermeiro no gerenciamento do Protocolo de Transfusão Maciça Pediátrico no hospital de referência em trauma e alta complexidade do estado do Ceará. Trata-se de relato de experiência relacionado a crianças com hemorragia grave do trauma inseridas no PTM pediátrico, no período de jan/2018 até ago/2019, no serviço de referência de trauma pediátrico e alta complexidade do Ceará. A atenção a pacientes pediátricos com hemorragia grave requer conhecimento na fisiopatologia do choque da coagulopatia do trauma. Os protocolos de transfusão maciça estabelecidos para pacientes adultos apresentam uma oportunidade de padronização adequada da abordagem dessa grave situação clínica. A adaptação do Protocolo de Transfusão Maciça para o atendimento pediátrico na hemorragia grave é um grande desafio e trouxe impacto na sobrevida dessas crianças vítimas de traumas. O PTM Pediátrico possibilitou a adaptação de doses de antifibrinolítico, fluidos e hemocomponentes padronizadas de acordo com o peso do paciente, gerenciamento de exames laboratoriais e redução no tempo de chegada ao centro cirúrgico, além do uso da técnica Recuperação Intraoperatória de Sangue (RIOS) em casos de trauma toracoabdominal com Diagnóstico de Enfermagem (DE) “Risco de Choque” no intraoperatório. Esta experiência possibilitou a inserção de um capítulo específico para o atendimento em pediatria com atuação do Enfermeiro do Trauma no acompanhamento e gerenciamento do PTM para crianças com quadro de hemorragia grave.