A promoção da saúde vem sendo entendida nesses últimos 40 anos como uma estratégia promissora para enfrentar os múltiplos problemas de saúde que afetam as populações humanas. Parte de uma concepção ampla do processo saúde doença e de seus determinantes, propondo a articulação de saberes técnicos e populares, bem como a mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados para seu enfrentamento e resolução. Objetiva-se descrever aspectos do cuidado popular em saúde reprodutiva de uma comunidade quilombola rural e as relações entre o cuidado popular e profissional nessa comunidade. Trata-se de estudo etnográfico realizado em um município da Bahia, no ano de 2014, cujo cenário foi uma comunidade rural quilombola. Os participantes do estudo foram 25 informantes-chave, moradoras da comunidade, com histórias de gestações e partos experimentados e 10 informantes gerais, cuidadores nas ações de saúde reprodutiva envolvidos com a comunidade. As técnicas utilizadas foram a observação sistemática e a entrevista semiestruturada. Os dados foram analisados seguindo o rigor referenciado pela etnoenfermagem e pela Teoria da Universalidade e Diversidade do cuidado. Construiu-se três categorias analíticas que sinalizam aspectos importantes achados neste estudo: rede de cuidados e solidariedade; busca, autoavaliação e manutenção do cuidado popular; e interações do sistema profissional com o popular. O contexto de cuidados é cercado por uma rede de solidariedade que envolve a família, parentes e vizinhos. As mulheres autoavaliam positivamente resultados de cuidados populares que utilizam, buscando preservá-lo, há interações com o serviço de saúde profissional de forma incipiente. O aspecto de compromisso e responsabilidade encontrado como perspectiva ética dos cuidadores populares é um exemplo enriquecedor para outros sistemas de saúde. Avanços na promoção da saúde com maiores interações dos sistemas populares e profissionais são possíveis e necessários, devendo ser encorajados por políticas de saúde.