As leishmanioses são consideradas de forma primária como uma zoonose, que pode acometer o homem quando o mesmo entra em contato com o ciclo de transmissão do parasito, transformando-se em uma antropozoonose. É uma das seis endemias consideradas prioritárias no mundo. A leishmaniose visceral, dada sua incidência e alta letalidade, principalmente em indivíduos não tratados e crianças desnutridas, é também considerada emergente em indivíduos portadores da infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), tornando-se uma das doenças mais importantes da atualidade. A leishmaniose visceral, conhecida pelo nome popular de calazar, tem como agente etiológico parasitos do complexo Leishmania donovani. O modo de transmissão é através da picada de insetos transmissores infectados. Não há transmissão de pessoa a pessoa. Segundo alerta epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, em 2015 começaram a surgir no município de Foz do Iguaçu os primeiros casos de leishmaniose visceral, sendo que foram registrados e confirmados 2 casos. O município faz fronteira com dois países, Argentina e Paraguai, onde já havia casos da doença e foi o primeiro município do Paraná que apresentou casos autóctones da doença. Este estudo teve por objetivo avaliar os casos autóctones de leishmaniose visceral humana no município de Foz do Iguaçu entre os anos de 2015 a 2017 de acordo com a base de dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN). Trata-se de estudo transversal com abordagem quantitativa, utilizando dados do SINAN. As variáveis estudadas foram sexo, faixa etária e evolução do caso. No período avaliado foram notificados 13 casos de leishmaniose visceral americana humana, destes 11 eram autóctones (84,6%). O ano com maior número de notificações foi o ano de 2016 com 7 casos notificados da doença (53,8%), destes 8 pertencem ao sexo masculino (62%) e 5 ao sexo feminino (38%). A faixa etária com maior número de pessoas notificadas foi a de idade entre 20 a 39 anos (46% dos casos). Dos 13 casos notificados 46% evolui para cura e 31% evolui para óbito. Tendo em vista o número de casos de leishmaniose visceral americana humana constatado em município fronteiriço e, que não existe fronteira para o agente vetor, transmissor do parasito, faz-se importante estratégias de prevenção em parceria com os municípios vizinhos no intuito de se prevenir o surgimento de novos casos da doença.