A administração de fármacos por sondas enterais é uma prática cotidiana nos hospitais e constitui uma via alternativa para tratamento de pacientes cuja situação clínica impede a utilização da via ordinária. Apesar disso, corresponde a um processo complexo, pois a trituração de formas sólidas pode ocasionar alteração da farmacocinética e da ação farmacológica. Por isso, é relevante estabelecer o perfil dos medicamentos mais utilizados por sonda nas instituições hospitalares e produzir tecnologias que minimizem o risco de super ou subdosagem a que os pacientes ficam expostos quando há um uso equivocado dos medicamentos. Nesse sentido, o objetivo do estudo é apresentar a construção de tecnologias de gestão e cuidado na área da enfermagem/saúde para o uso de medicamentos via sonda gastroenteral, a partir da interface entre pesquisa, extensão e ensino. Trata-se de um estudo quali-quantitativo, com caráter descritivo e exploratório, desenvolvido num Hospital Universitário do extremo sul do Brasil. Reúne metodologia e resultados de um macroprojeto de pesquisa e de um projeto de extensão universitária. No estudo do perfil dos medicamentos mais utilizados via sonda, destacaram-se os fármacos de ação anti-infecciosa e cardiovascular, para os quais se identificou na literatura muitas restrições de uso, sobretudo, os antirretrovirais, utilizados para o tratamento da aids. A partir do perfil, o conhecimento produzido constitui-se subsídio para a elaboração de um protocolo institucional, com orientações específicas para o uso seguro dos fármacos por via sonda; caracterizado como tecnologia de gestão e cuidado. Para além do protocolo, o processo de pesquisa fomentou a ação diretamente aplicada aos pacientes com sonda gastroenteral e seus familiares, a partir de uma tecnologia de informação simples (folder), com a síntese dos cuidados gerais para o uso de medicamentos por sonda no domicílio; o que caracteriza a interface extensionista. Ambas as ações, de produção do protocolo e do folder para os usuários, agregam a interface ensino deste trabalho, considerando os processos de educação permanente e de educação em saúde inerentes ao processo. Conclui-se que o trabalho que vem sendo desenvolvido contempla a concepção de tecnologia em saúde, a qual incorpora a produção e aplicação de conhecimentos e habilidades organizados na forma de dispositivos de informação, educação e protocolos assistenciais.