Introdução: O benzimento, a crença das pessoas que buscam por ele para cura dos seus males do corpo e alma são tão importantes quanto os cuidados prestados pela equipe de saúde nas unidades. Madeleine Leininger, com a teoria do cuidado transcultural, afirma que a enfermagem deve ter conhecimento sobre a cultura das pessoas como complemento ao seu ofício do cuidar (GUALDA, HOGA, 1992). Objetivos: Contar a trajetória de vida das benzedeiras do extremo norte do Rio Grande do Sul e analisar o cuidado à saúde realizado por elas, a luz da teoria Transcultural de Madeleine Leininger. Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, usando a metodologia da história oral (TAQUETTE et al., 2015). A coleta de dados deu-se através da técnica da “bola de neve”, onde o pesquisador conheceu a população do estudo por meio de indicações de pessoas da comunidade e as próprias benzedeiras, uma indicando a outra (DEWES, 2013). Resultados: As visões de mundo das benzedeiras são fortemente calcadas na espiritualidade, fé e oração, acreditando nos saberes populares. O vínculo com a Igreja Católica foi um dos fatores que favoreceu o benzimento, entendido pelas benzedeiras como a cura dos males e enfermidades do corpo e da alma, sendo uma prática muito utilizada, pois alia o cuidado em saúde com a fé e o poder da oração. O benzimento é passado de pai/mãe/padrinho para filha/afilhada, para que testem seus benefícios e aceitem, segundo elas, esse chamado/propósito de Deus. Ao conhecer a trajetória de vida das benzedeiras, percebeu-se o benzimento como forma de cuidado em saúde e ocupando espaços na sociedade, como em hospitais ou unidades básicas de saúde. Apesar de não se enquadrar no rol das Práticas Integrativas e Complementares legitimadas pelo ministério da Saúde, alguns profissionais da saúde indicam aos usuários como uma possibilidade de cuidado integrada ao modelo biomédico de cuidado. Considerações Finais: O benzimento não pode ser entendido com o olhar tecnologista, pois abrange um cuidado pautado na fé e nas trocas de energias entre a mão da benzedeira e o indivíduo que procura o benzimento. No entanto, nos perguntamos: por que negar esta forma tradicional de cuidado? A possibilidade de agrega-lo pautado nas crenças e fé implicaria no fortalecimento do vínculo entre os profissionais de saúde e o usuário, assim como na efetivação do cuidado longitudinal, descrito na Política Nacional de Atenção Básica.