Introdução: A violência contra mulher é um problema importante para saúde pública, tanto em âmbito nacional como mundial, afetando as mais variadas classes econômicas, além de expressar claramente a desigualdade de gênero ainda presente. Tal agravo é considerado um desafio, pois atinge a saúde coletiva e principalmente a individual. Neste sentido, é necessária a elaboração de políticas e estratégias específicas para sua prevenção e tratamento, além de serviços específicos para cada realidade. Objetivo: Caracterizar epidemiologicamente a violência sofrida por mulheres em uma capital brasileira. Métodos: Estudo epidemiológico e descritivo, realizado a partir de dados disponíveis no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, correspondentes as notificações realizadas no Sistema de Informação de Notificação e Agravos. Foram analisados os dados de mulheres notificadas por violência no período de 2009 a 2016, cujo município de residência é Teresina-PI. Após coleta e tabulação dos dados sociodemográficos das mulheres notificadas, realizou-se a análise descritiva. Resultados: Observou-se que no período estudado foram notificados na capital 5.938 casos de violência, dos quais 73,17% foram em mulheres. Apesar das flutuações ao longo do período, constatou-se um crescimento do número de notificações ao longo do período. Ressalta-se que em 2013 houve o maior número de notificações (41,22%). Quanto às características sociodemográficas, observou-se que foram mais acometidas mulheres na faixa etária entre 20 e 59 anos (58,18%) e com ensino fundamental incompleto (33,32%). Em relação ao tipo de violência, prevaleceu a física (51,67%), seguida da sexual (24,23%). Destaca-se que a residência consiste no principal local de ocorrência (52,29%). Ademais, alguns campos importantes apresentaram a categoria ignorada com maior frequência, como a repetição de casos (54,45%) e a suspeita do consumo de álcool pelo agressor (44,49%). Conclusão: O presente estudo permitiu identificar as principais características da violência contra as mulheres na capital do Piauí, o que permite subsidiar estratégias para controlar esse agravo. Este estudo revela que os casos acontecem, sobretudo, na residência das mesmas, por isso considera-se importante trabalhar questões relacionadas à violência e, principalmente, contra a mulher, no contexto da atenção primária, com o intuito de reduzir o número de casos.