Introdução: Os transtornos relacionados a substâncias se apresentam como uma condição crônica de saúde reconhecida como problema de saúde pública frente as consequências nocivas ao indivíduo, aos familiares e a sociedade. O processo de reabilitação dessa população requer uma abordagem psicossocial, que considere as especificidades de cada indivíduo, para tanto, a adesão ao tratamento é imprescindível para o processo de reabilitação e reinserção social. Objetivos: conhecer a percepção das pessoas com transtornos relacionados a substâncias sobre os fatores que interferem na adesão ao tratamento psicossocial. Metodologia: Pesquisa qualitativa descritiva, desenvolvida com 14 pacientes de um Centro de Atenção Psicossocial de Curitiba (PR). Os dados foram coletados entre março e abril de 2019 por entrevista semiestruturada e submetidos a Análise e Interpretação de Dados Qualitativos proposta por Creswell, sendo assim, identificadas as seguintes categorias: aspectos que potencializam a adesão ao tratamento psicossocial; e aspectos que dificultam a adesão ao tratamento psicossocial. Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética da UFPR sob a inscrição CAAE: 66929617.0.0000.0102 e o parecer nº 2.033.006. Resultados: Destaca-se dentre os aspectos que potencializam a adesão: o CAPS como espaço de acolhimento, escuta qualificada e convivência; o apoio da equipe multiprofissional de saúde e o vínculo terapêutico; participação em atividades terapêuticas de grupo; a terapêutica medicamentosa; o cuidado familiar e participação ativa no tratamento; e a espiritualidade. Quanto aos aspectos que dificultam a adesão se encontram: os efeitos colaterais da terapêutica medicamentosa; a recaída; a fissura; o estigma e o preconceito frente ao transtorno; a baixa condição financeira; e, principalmente, a falta de apoio familiar. Conclusão: Conclui-se que são múltiplos os aspectos biopsicossociais que interferem na adesão ao tratamento. Conhecer a percepção das pessoas com transtornos relacionados a substâncias sobre sua adesão ao tratamento oferta subsídios aos profissionais de saúde para implementação de abordagens terapêuticas mais individualizadas e voltadas a realidade investigada, favorecendo a melhoria do cuidado ofertado e da redução dos impactos psicossociais ocasionados pelo consumo, bem como o aumento da adesão ao tratamento psicossocial.