Introdução: A sífilis congênita (SC), doença de transmissão vertical causada pela bactéria T. pallidum, é considerada um evento sentinela indicativo da qualidade do pré-natal, pois é uma doença totalmente prevenível e seu diagnóstico e tratamento são pouco onerosos. Entretanto, o Brasil apresenta taxas de incidência e mortalidade por essa doença ainda elevadas em relação a outros países da América Latina, em razão da má qualidade do pré-natal e tratamento inadequado da gestante/parceiro, configurando um grave problema de saúde pública. O geoprocessamento é considerado uma estratégia segura e eficiente para o mapeamento de doenças, bem como avaliação de riscos e uma visualização de variáveis inter-relacionadas e geograficamente distribuídas pela área do estudo de forma estrutural e contextualizada. Objetivo:Relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem na utilização de técnicas de geoprocessamento para estudo espacial e epidemiológico da sífilis congênita no estado do Pará. Metodologia: O desenvolvimento do trabalho ocorreu no período de janeiro a julho de 2019, durante as atividades do projeto de pesquisa utilizando bancos de dados secundários como o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Foram incluídos no estudo todos os casos notificados e confirmados de SC no período de 2007 a 2017 com município de residência no Pará. Os mapas temáticos e análises foram construídos nos softwares ArcMap e GeoDa. Resultados: As análises de agrupamento espacial demonstraram uma maior dinâmica da SC na região Sudeste e Sudoeste paraense, embora a cobertura de pré-natal tenha aumentado em todo o Pará. O diagnóstico da sífílis em gestantes ocorreu na maioria dos casos no momento do parto e no pós-parto, os quais são momentos inoportunos para o tratamento, e revelam uma baixa eficiência do pré-natal. Os municípios paraenses mais afetados pela SC apresentam franca expansão da atividade mineradora e têm alto fluxo migratório. Conclusão: Portanto, o geoprocessamento é uma ferramenta fundamental para a área da saúde e para os estudos de doenças infecto-contagiosas, pois facilita o monitoramento de eventos, permite analisar a distribuição geográfica e elucidar as possíveis interferências de variáveis sócio-ambientais. Ademais, fornece embasamento científico para o direcionamento de recursos humanos e materiais, ações de vigilância, prevenção e controle de agravos e doenças.