Introdução: A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa e contagiosa, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, que se propaga por meio de gotículas contendo os bacilos, excretados por um enfermo com TB pulmonar, ao tossir ou espirrar. Sua incidência é maior nas periferias das cidades, podendo, porém, acometer qualquer pessoa, mesmo em áreas rurais. A População em Situação de Rua (PSR) tem sido considerada um grupo populacional heterogêneo, marcado pela pobreza e falta de pertencimento à sociedade. No Brasil, a prevalência de TB na PSR é 37 a 60 vezes maior do que na população geral, e a interrupção do tratamento pode chegar à metade dos casos. Objetivos: Descrever a ocorrência de TB na PSR no Estado de Minas Gerais no período de 2014 a 2018. Metodologia: Estudo transversal, descritivo, com delineamento em série temporal e utilização de dados secundários referentes aos casos de TB, na PSR, em Minas Gerais, notificados no Sistema de Informação e Agravos de Notificação (SINAN/DATASUS), no período de 2014 a 2018. Resultados: Foram registrados 20.633 casos confirmados de TB no período pesquisado sendo, 709 casos em PSR, com prevalência de 3,3% (IC=95% 3,1-3,6). Maior prevalência foi observada nos homens 82,7% (IC=95% 79,6-85,3), nas faixas etárias entre 20 e 59 anos 93,5% (IC=95% 91,4-95,2), entre pretos e pardos 70,1% (IC=95% 66,6-73,4) e com menos de 8 anos de estudo 40,2% (IC=95% 36,6-43,9). Observou-se alta prevalência de etilismo 69% (IC=95% 65,4-72,3), tabagismo 52,6% (IC=95% 48,9-56,3) e consumo de drogas ilícitas 49,6% (IC=95% 45,6-53,4), bem como de doenças concomitantes a TB, como HIV 25,1% (IC=95% 22-28,5), AIDS 23,6% (IC=95% 20,5-26,9), e transtornos mentais 9,9% (IC=95% 7,8-12,4), além de altas taxas de abandono do tratamento 35,5% (IC=95% 32,0-39,2) e óbito 7,3% (IC=95% 5,6-7,6). Conclusão: Prevalência aumentada dos fatores de risco como: tabagismo, etilismo e drogas ilícitas, e de doenças coexistentes a TB como o HIV, AIDS e transtornos mentais, também foram registradas, bem como altas taxas de abandono e óbitos. Tal situação demonstra a alta vulnerabilidade a qual essa população está exposta, apontando ao poder público, a necessidade de implementação de políticas públicas de saúde específicas, voltadas ao controle da TB na PSR, tais como ampliação do acesso aos serviços de saúde e capacitação das equipes de saúde.