O presente estudo trata-se do relato de experiência de três profissionais de saúde que objetiva refletir a importância de construir um espaço de diálogo entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e o Programa de Saúde Mental, por meio da Educação Permanente, para a formação dos profissionais da APS, no que tange aos cuidados em saúde mental. O mesmo ocorreu no período de abril de 2018 a julho de 2019. O Núcleo Educação Permanente em Saúde (NEPS) do município de Resende, buscando fortalecer a APS, iniciou reuniões locais, em oito Unidades de Saúde da Família destacadas pela Superintendência Municipal de Atenção Primária à Saúde por apresentarem maiores dificuldades no desenvolvimento do processo de trabalho de forma adequada à prestação de serviços conforme preconizado na Política Nacional de Atenção Básica. Nesses espaços, os trabalhadores relataram os principais obstáculos relacionados à assistência das necessidades de saúde da população. Como resultado, o tema saúde mental apareceu como queixa principal, no que se refere a conhecimentos sobre o tema, funcionamento da Rede de Atenção Psicossocial, compreensão de comportamentos, abordagem e acompanhamentos de usuários em sofrimento psíquico, com transtornos mentais e em uso de álcool e outras drogas. Ressalta-se que dentre essas equipes, cinco recebiam apoio matricial das equipes de saúde mental. Apesar desta estratégia ter como proposta oferecer retaguarda especializada para equipes de referência, percebeu-se a permanência de dificuldades para lidar com a complexidade desse campo de cuidado no cotidiano das unidades de APS. Diante do exposto, o NEPS concluiu a necessidade da aproximação com o Programa de Saúde Mental para pensar em ações complementares que respondessem às dificuldades relatadas pela APS. Foram iniciadas reuniões regulares para discussão de estratégias e atividades formativas; inclusão de temáticas específicas de SM nas atividades da EPS e desenvolvimento de planos de cuidado em Saúde Mental na APS, contribuindo para o aprimoramento o domínio sobre a temática, a qualificação do cuidado e o desenvolvimento de habilidades. Esse estreitamento vem possibilitando a construção de espaços de diálogo, reflexão sobre a ampliação da clínica e a construção de saberes e práticas coletivas. No entanto, ainda se observa dificuldade das equipes de Saúde da Família na co-responsabilização pela assistência em de saúde mental, apontando para necessidade da continuidade e ampliação dessas ações.