O enfermeiro é um profissional dotado de conhecimentos técnicos e científicos, possibilitado pelo acúmulo de seus vários saberes. A enfermagem enquanto ciência cujo objetivo é o cuidado com o ser humano, manifesta-se através de práticas coletivas e iminentemente sociais. Entre elas, a ocupação de espaços de gestão nas secretarias municipais de saúde de municípios de pequeno porte. Sabe-se que cerca de 70% dos municípios brasileiros são classificados como de pequeno porte, e que a qualificação da gestão do Sistema Único de Saúde é um dos grandes desafios a serem superados para sua concretização. Nesta perspectiva este estudo de caso de caráter qualitativo teve por objetivo apresentar a influência e a ocupação de enfermeiros nos espaços de gestão do SUS em uma região de saúde do Paraná formada por dezesseis municípios. A coleta de dados deu-se entre o período de abril a julho de dois mil e dezenove através de análise documental de indicadores de saúde das duas últimas gestões municipais (2013-2016 e 2017-2019), e por observação participante nas reuniões de colegiado bipartite regional. Entre os resultados destacam-se que na região pesquisada o profissional enfermeiro apresenta-se como um importante ator no processo de decisão das políticas locais de saúde, bem como, de influência aos demais gestores neste processo. Atenção para dois municípios distintos da região em que, atualmente, o chefe e o vice-chefe do executivo municipal são enfermeiros de formação. Destaca-se também, que municípios em que enfermeiros ocupavam ou ocupam a posição de secretários municipais de saúde e/ou de assessores da gestão municipal (apoiadores da gestão, coordenadores da atenção básica, diretores do planejamento e orçamento) tendem a apresentar melhora nos resultados de indicadores de qualidade da assistência e de acesso na atenção básica. Ao mesmo tempo observa-se que municípios que não há cargos instituídos de coordenação, o profissional acumula funções na organização e gestão dos serviços e na assistência. Percebe-se, portanto, que o trabalhador da enfermagem mesmo com limitações para atuação na gestão, apropria-se do conhecimento e do saber elaborado, supera a reflexão da crítica e da realidade, e chega à ação, intervindo na realidade local. Dessa forma, sugerem-se políticas públicas que potencializem a participação deste profissional na gestão de sistemas de saúde, principalmente em pequenos municípios, com vistas ao fortalecimento dos princípios e diretrizes do SUS.