INTRODUÇÃO: O Programa Bolsa Família (PBF) possui condicionalidades relativas à saúde, como o acompanhamento nutricional e a correta realização do pré-natal e frequência escolar de 85% em instituição pública de ensino. De acordo com essas condicionalidades, é obrigatório o acompanhamento vacinal de crianças de 0 a 6 anos, além do peso e altura registrados para acompanhar o crescimento e desenvolvimento. A cobrança institucional pelo alcance de metas de acompanhamento dos beneficiários do programa em um curto período de tempo, tem sido um dos maiores desafios para o acompanhamento longitudinal desses usuários na Atenção Básica. Atendimentos rápidos e fragmentos focados apenas na medição e pesagem dos indivíduos, bem como a realização de “mutirões de atendimento”, prejudicam o princípio da integralidade, preconizado como um dos pilares do SUS. Condicionalidades não servem somente como registros, mas para representar a realidade dessas famílias. OBJETIVOS: Apresentar a experiência de acompanhamento de condicionalidades em uma abordagem multiprofissional aos usuários do PBF em uma Unidade de Atenção Básica do município do Rio de Janeiro. METODOLOGIA: Os atendimentos foram realizados por residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família da ENSP/FIOCRUZ nos anos de 2018 e 2019, em turnos semanais desde o início da vigência do acompanhamento, tendo como público-alvo os usuários beneficiários do PBF da equipe preceptora da unidade. RESULTADOS: A equipe de residentes buscou ressignificar a experiência do acompanhamento do PBF a partir de um olhar multiprofissional para o cuidado ampliado a esses usuários. Os atendimentos realizados pela equipe permitiram a identificação de demandas ocultas existentes, após a realização de uma escuta ativa e que considerava os sujeitos em sua integralidade e individualidade, além de encaminhamento e resolutividade das demandas não atendidas. CONCLUSÃO: É urgente a mudança do modelo de Atenção Básica preocupado prioritariamente com metas numéricas, onde a qualidade do atendimento é desvalorizada. O vínculo existente no cuidado só é possível por meio da aproximação entre profissional-usuário, onde o sujeito é enxergado além de seu estigma, seja ele referente à uma doença ou a uma condição social.