INTRODUÇÃO: O uso de produtos de consumo industrializados, como plásticos, alimentos processados e cosméticos, tem sido amplamente discutido em razão da alta exposição da população a agentes químicos utilizados na composição desses produtos. Dentre os agentes químicos que causam preocupação destacam-se os chamados desreguladores endócrinos. O Estudo Curitibano de Investigação do Ambiente e Reprodução (CUIDAR) investiga a exposição de gestantes a alguns desses agentes químicos e sua influência em desfechos gestacionais e neonatais, com ênfase em alterações reprodutivas. Paralelamente, delineamos um programa de educação em saúde ambiental para gestantes atendidas pelo programa Mãe Curitibana, a fim de conscientizar as gestantes acerca dos riscos da exposição a desreguladores endócrinos. OBJETIVO: Desenvolver e implementar um programa de educação em saúde ambiental para as gestantes atendidas pelo programa Mãe Curitibana da Prefeitura Municipal de Curitiba. METODOLOGIA: Desenvolvemos um folder com informações sobre quais produtos evitar e preferir, com ênfase em cosméticos, embalagens plásticas, alimentos, produtos de limpeza, água e medicamentos. Para a comparação dos dados, são aplicados três questionários durante a gestação, com perguntas sobre hábitos de consumo e percepção de risco sobre a composição dos produtos. O programa educacional e o material visual foram realizados e entregues às gestantes logo após o primeiro questionário durante o primeiro trimestre de gestação. Após isso, comparamos as respostas do primeiro e do terceiro questionário, utilizando o teste de McNemar. RESULTADOS: Não houve mudanças significativas em relação a alguns hábitos de consumo. Porém houve mudança no conhecimento dos códigos de reciclagem de plásticos, com um maior número de gestantes reportando conhecimento dos códigos no terceiro questionário (45%) em relação ao primeiro (10,9%). Da mesma forma, um maior número de gestantes no terceiro questionário (68,1%) reportou que é possível minimizar a exposição a agentes químicos por meio de mudanças de hábitos, em relação ao primeiro questionário (54,9%). Em relação ao uso do paracetamol, de 57,6% no primeiro trimestre caiu para 10,8% no terceiro trimestre. CONCLUSÃO: A implementação do programa de educação teve um impacto positivo no conhecimento de fatores relacionados a exposição a agentes químicos desreguladores endócrinos, porém poucas mudanças de hábitos parecem ter sido incorporadas.