Introdução: O Brasil ocupa o terceiro lugar nas taxas de homicídios em adolescentes de 15 a 19 anos (54,9/100 mil adolescentes) no mundo, ficando atrás apenas do México e El Salvador. A taxa é 275 vezes maior do que a de países como Áustria, Japão, Reino Unido e Bélgica, que apresentam índices de 0,2 homicídios por 100 mil adolescentes. Tendo em vista que os homicídios em adolescentes são um grave problema de saúde pública, monitorar este evento possibilita o planejamento de ações apropriadas para sua prevenção. Objetivo: Caracterizar o perfil de homicídios por arma de fogo em adolescentes no Estado do Paraná. Método: Estudo epidemiológico, descritivo, com abordagem quantitativa, que investigou os registros de óbitos de adolescentes (10 a 19 anos) por arma de fogo no Paraná, no período de 2008 a 2017. Os dados dos óbitos foram obtidos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), disponíveis online no site do Departamento de Informática do SUS. Foram selecionados os óbitos codificados segundo as categorias diagnósticas da 10ª Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID-10), com os códigos W33, W34, X72, X74, X93, X94, X 95, Y24. Os dados foram analisados por meio do cálculo de frequência absoluta e relativa e taxas de mortalidade por homicídio. O estudo dispensou aprovação ética por utilizar-se exclusivamente de dados de domínio público. Resultado: Foram identificados 4.472 óbitos de adolescentes por arma de fogo no período estudado. O período foi então dividido em dois quinquênios (2008-2012 e 2013-2017), destacando-se que o quinquênio 2008 a 2012 respondeu por 59,26% dos casos. Entre as Macrorregiões de Saúde do Paraná, as maiores taxas se concentram nas Macrorregiões Leste (28,88/100 mil) e Oeste (26,12/100 mil), sendo superiores às do Estado do Paraná (25,46/100mil). Houve maior prevalência de adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos (94,07%), raça/cor branca (73,97%), sexo masculino (92,89%), com 4 a 7 anos de estudo (60,58%) e solteiros (96,82%). A principal causa do óbito se enquadrou no código X95 (agressão por disparo de outra arma fogo), com taxa de 22,34 por 100 mil adolescentes. Conclusão: Apesar da redução dos homicídios por arma de fogo em adolescentes nos últimos anos, é necessário um movimento de sensibilização dos profissionais e da sociedade como um todo, bem como políticas públicas e ações que busquem atenuar a problemática da violência e reduzir a mortalidade de adolescentes que decorre da mesma.