Introdução: atualmente discute-se a prática avançada em enfermagem como uma possibilidade para o contexto da atenção primária no Brasil(1). Um dos papéis do enfermeiro de práticas avançadas é o gerenciamento de casos(2), que permite o planejamento do cuidado individualizado e demonstra resultados positivos para pessoas com doenças crônicas, em especial para aquelas com hipertensão arterial. Objetivo: analisar o efeito do gerenciamento de caso no controle de fatores de risco relacionados a hipertensão arterial. Metodologia: trata-se de um ensaio clínico randomizado controlado com 90 adultos com diagnóstico de hipertensão arterial, desenvolvido em uma unidade de saúde da atenção primária do interior do Paraná, no período de fevereiro/2017 a fevereiro/2018. Os participantes foram alocados aleatoriamente para fazer parte do grupo intervenção (gerenciamento de caso) ou grupo controle (cuidados usuais). O gerenciamento de caso foi realizado por meio de consultas de enfermagem, visitas domiciliares, contato telefônico e educação em saúde. A coleta de dados ocorreu durante as consultas e utilizou-se de um instrumento com variáveis sociodemográficas e clínicas, bem como um instrumento para avaliar a adesão ao tratamento. A análise dos dados foi descritiva e inferencial (Qui-Quadrado/Exato de Fisher, Mann Whitney e Anova mista). O nível de significância foi de p<0,05. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos. Resultados: as variáveis sociodemográficas e clínicas foram balanceadas entre os grupos no tempo basal. Ao analisar os fatores de risco da hipertensão ao longo do tempo verificou-se redução significativa da circunferência abdominal no grupo intervenção quando comparado ao controle (-2 cm;1,2 cm, p<0,001) e também no índice de massa corporal (-0,4 kg/m2; 0,3 kg/m2, p=0,029). O escore de adesão ao tratamento demonstrou aumento significativo no grupo intervenção quando comparado ao controle (4,8; -1,1, p<0,001). Conclusão: o gerenciamento de casos realizado por enfermeiros na atenção primária demonstrou-se benéfico ao melhorar a adesão ao tratamento e reduzir outros fatores de risco associados à hipertensão arterial. Esses resultados mostram que a inclusão do enfermeiro de práticas avançadas no cenário nacional pode ser benéfica e auxiliar no controle/tratamento das doenças crônicas na atenção primária.