A atividade laboral pode estar associada à sensação de prazer ou sofrimento. Quando o trabalhador apresenta sinais e sintomas como estresse, fadiga, cansaço exacerbado, adoecimento vinculados ao trabalho, este procura meios de aliviar tais problemas. O uso de substâncias psicoativas corresponde a um desses meios, funciona como válvula de escape. E quando o indivíduo alcança o nível de dependência/abuso, os psicoativos podem tornar-se desencadeadores de transtornos mentais. O objetivo do estudo consiste em avaliar os aspectos conceituais dos transtornos mentais decorrentes do uso de psicoativos em trabalhadores. Trata-se de um estudo descritivo, referente a um recorte de uma pesquisa de Iniciação Científica de característica censitária, exploratória de abordagem quantitativa envolvendo dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) do estado do Piauí, realizada no biênio 2017-2018, em referência aos anos de 2015, 2016 e 2017. Cuja pesquisa obteve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do INSS e da Universidade Federal do Piauí sob parecer de número 1.835.240. Segundo os dados obtidos, percebe-se que o ambiente de trabalho com fatores estressores, baixa remuneração e carga de trabalho excessiva funcionam como preditores ao consumo de psicoativos pelos trabalhadores como estratégia de defesa ao sofrimento físico e/ou psíquico vivenciado no trabalho. Ressalta-se que apesar de tais fatores contribuírem de forma significativa, deve-se notar também que o meio familiar, social e econômico influencia o consumo de psicoativos. O afastamento laboral por transtornos mentais decorrentes do uso dessas substâncias psicoativas é mais exacerbado no sexo masculino, embora haja um número expressivo no sexo feminino. As substâncias mais utilizadas pelos trabalhadores corresponderam ao álcool, seguido de cocaína e múltiplas drogas. Chama-se a atenção para a necessidade de que os transtornos mentais decorrentes do uso de psicoativos em trabalhadores não devem ser analisados apenas em nível de meio laboral, mas em todo o contexto que envolve o indivíduo afetado. Conclui-se que o ambiente laboral apresenta uma parcela de contribuição significativa pela quantidade de fatores causais envolvidos. E em relação aos aspectos conceituais abordados nessa investigação nota-se que refletem semelhanças aos achados no último senso nacional do INSS do ano de 2013, denotando a manutenção de tais dados no país.