O Estado de Roraima possui fronteira com a República Cooperativa da Guiana e a República Bolivariana da Venezuela, o fluxo transfronteiriço nem sempre foi intenso, no entanto, no ano de 2016 a Venezuela sofreu uma grave crise politica e econômica, o que fez com que um número elevado de venezuelanos buscasse refúgio no país vizinho, tendo como principal acesso à cidade de Pacaraima –RR, estendendo-se ate a capital do estado, Boa Vista. Sendo assim, agravaram-se os casos de venezuelanos buscando ajuda em todo o país, em especial na principal unidade de saúde pública do estado. Desta forma, o objetivo da pesquisa foi analisar o perfil socioeconômico e clínico deses atendimentos. Utilizou-se de um estudo é retrospectivo, com análise descritiva e quantitativa, a partir de avaliação dos prontuários, do ano de 2018. Foram analisados 76 prontuários de clientes estrangeiros, utilizando-se um roteiro de coleta de dados, com informações socioeconômicas e clínicas. Identificou-se uma prevalência de homens (71,05%), com idade mínima de 18 anos e máxima de 78, com média e desvio padrão de 36,36 +14,90 anos. Sobre a moradia 13,4% residem em bairros periféricos, 21,05% se encontram em condição de rua e 13,15% em condição de abrigamento. A respeito dos dados relacionados ao diagnóstico, a maioria dos casos esteve concentrada em problemas relacionados ao sistema digestório e por causas externas, representando 54% dos prontuários avaliados. As outras causas se dividem em problemas nos outros sistemas do organismo. Os procedimentos realizados corresponderam aos principais exames diagnósticos utilizados na assistência hospitalar, como hemograma completo, radiografia e tomografia com valores de 47% e 30%. Foi identificado um perfil de adoecimento diferente do encontrado entre brasileiros, haja vista que as principais causas de internação foram as doenças do aparelho digestório e as causas externas, e entre os brasileiros essas causas aparecem na 11ª e 20ª posição respectivamente, e este fato pode estar relacionado a vulnerabilidade social a qual estão expostos estes migrantes. Ou ponto de destaque foi a ausência de registros de informações socioeconômicas, fato que pode estar relacionado a dificuldade de comunicação com os pacientes.