Introdução: Estima-se que existam 101.854 pessoas vivendo em situação de rua no Brasil. No entanto, o contingente de mulheres nessa condição é reduzido, a mulher em situação de rua encontra-se mais vulnerável e exposta diante do contexto permeado por preconceitos, violência, desigualdade de gênero e de direitos sociais negligenciados. Objetivo: Identificar as necessidades de mulheres em situação de rua no interior de Mato Grosso. Metodologia: Trata-se de estudo exploratório e qualitativo, realizado em dois municípios do interior de Mato Grosso. Foram incluídas mulheres maiores de 18 anos que vivessem em situação de rua. Sendo excluído, àquelas residentes em regiões periféricas das cidades. Para a coleta de dados, realizou-se entrevistas semiestruturadas em profundidade, com uma questão norteadora “quais as necessidades de uma mulher em situação de rua”. Os dados empíricos foram transcritos na íntegra, organizados com a codificação alfanumérica e aplicado análise de conteúdo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa com Seres Humanos, com CAAE n. 93246318.7.0000.5166 e parecer de aprovação n. 2.771.200. Resultados: Participaram da pesquisa seis mulheres em situação de rua, com 25 a 39 anos, brancas, evangélicas, solteiras e com filhos, não concluíram o ensino fundamental e sem renda mensal fixa. As necessidades apontadas por essas mulheres foram saudade/ausência da família, fome, higiene corporal regular, proteção do frio e chuva, roupas limpas, assistência à saúde (exames de rotina, recuperação/desintoxicação de substâncias psicoativas, acompanhamento de aspectos sexuais e reprodutivos), além de suporte psicoemocional e medicamentos. Se percebem invisíveis, e isso intensifica o distanciamento de serviços de apoio e assistência. Ainda revelam, que os próprios profissionais não oferecem assistência onde estão, nas ruas. Conclusão: Percebe-se que as necessidades dessas mulheres, tornam-se obstáculos e agravantes para a busca de novos estilos de vida (mais saudáveis), e reforça a marginalização que sofrem nesse tipo de cotidiano, sem o reconhecimento de sua dignidade e respeito às particularidades de gênero.