Introdução: A cesariana está entre as cirurgias em que a dor pós-operatória aguda pode evoluir para a cronificação. Apesar de ter se tornado um procedimento cirúrgico comum no cenário mundial, pouco se conhece sobre a cronificação da dor pós-operatória (DCPO) em mulheres submetidas a essa modalidade de parto. Trata-se de estudo de revisão integrativa da literatura, com o objetivo de conhecer a incidência, intensidade e os fatores preditores de DCPO em mulheres submetidas à cesariana. Método: O período de levantamento das produções científicas estendeu-se de janeiro a fevereiro de 2018, adotando-se o percurso metodológico apresentado por outros autores e guiado pela pergunta: Qual a incidência, intensidade e fatores preditores de DCPO em mulheres submetidas à cesariana? A busca foi feita nas bases de dados Pubmed, BVS, CINAHL, Web of Science, Scopus e literatura cinzenta do Google acadêmico, utilizando 21 termos em língua inglesa. Foram incluídos os estudos observacionais que abordaram a incidência, intensidade e os fatores associados à DCPO após a cesariana, e excluídos aqueles em que a dor não foi referida na região da cicatriz cirúrgica. Inicialmente, foram identificados 666 artigos. Excluídas as duplicações e/ou aqueles que não respondiam à pergunta norteadora, restaram 15 artigos. Foi utilizado um instrumento elaborado pelos autores para a coleta e análise dos dados. Resultados: As evidências apontam incidências de DCPO variando de 0,2% a 23,0%, estimadas em um tempo pós-operatório de 2 a 14 meses, após a cirurgia. De maneira geral, entre os estudos com maior tempo de seguimento, aqueles com delineamento prospectivo apresentam incidências de DCPO mais baixas. Menores incidências de DCPO são estimadas com o passar do tempo após a cesariana. A intensidade dessa dor é referida como leve-moderada pela maior parte das mulheres. Acerca dos fatores que influenciam a persistência da dor pós-operatória, evidencias foram elaboradas para a ocorrência e intensidade elevada de dor pós-operatória aguda. Conclusões: A incidência de DCPO diverge entre os estudos investigados e parece que a dor “se perde” no tempo, o que aponta a necessidade de estudos prospectivos com maior tempo de seguimento para confirmação dos achados. A gestão adequada da dor aguda pós-cesariana pode contribuir na evitação da cronificação da dor nesse grupo de mulheres.