A tuberculose multidroga-resistente é considerada um problema global de saúde pública, sendo caracterizada como uma doença causada por um bacilo que tem resistência a isoniazida e rifampicina, os dois principais medicamentos do esquema inicial de tratamento da TB. Em 2016, a OMS estimou em 490 mil o número de casos de TB-MDR, o equivalente a 4,7% do total de pessoas que adoecerem por TB no mundo (WHO, 2017). Nesse estudo ecológico, analisou-se a distribuição espacial da TB-MDR identificando fatores relacionados com sua ocorrência no estado de São Paulo de acordo com os dados secundários obtidos do sistema estadual de notificações de casos de TB (TB-WEB). Foram coletados todos os casos de TB-MDR diagnosticados no período entre 2006 e 2015 no Estado e realizou-se o cálculo da taxa de incidência anual pelo método de padronização direta por sexo e idade, considerando os 645 municípios do estado como unidades de análise utilizado o Índice Global de Moran Univariado, com o objetivo de analisar a autocorrelação espacial da incidência e o Moran Bivariado, para identificar as variáveis municipais correlacionadas espacialmente com a incidência da TB-MDR. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Foram identificados 802 casos de MDR-TB no estado de São Paulo e a distribuição espacial da taxa de incidência dos casos foi concentrada na capital, grande São Paulo e região litorânea. O Índice Global de Moran apresentou valor de 0,09 (p>0,01), demonstrando uma modesta autocorrelação espacial da taxa de incidência de TB-MDR. No Moran Bivariado, observou-se uma correlação espacial da População Privada de Liberdade (0,073; p<0,01), Renda &#8804;¼ (0,044; p=0,03) e Índice de Gini (0,063; p<0,01) com a incidência da TB-MDR de forma positiva. Em contrapartida, a variável que quantificava o número de beneficiários do Programa Bolsa Família (-0,010; p<0,01) teve correlação inversa com a incidência. O estudo avança no conhecimento identificando os municípios paulistas com maiores incidências da TB-MDR e os fatores associados à sua ocorrência. Tais resultados auxiliam no planejamento tanto de ações nas populações em maior risco para a doença, como em medidas mais efetivas e direcionadas aos fatores associados à sua incidência.