Introdução: O Ministério da Saúde no Brasil recomenda a realização bianual de mamografia de rastreio para câncer de mama nas mulheres entre 50 e 69 anos. Esta recomendação se baseia em evidências científicas de que fora dessa faixa etária, os possíveis danos da mamografia superam os supostos benefícios, além de aumentar o risco de testes falso-positivos e falso-negativos e ainda do sobrediagnóstico de tumores que não causariam mal às mulheres, ocasionando outros exames e tratamentos desnecessários e frequentemente danosos. Apesar disso, os especialistas, por meio da Sociedade Brasileira de Mastologia, recomendam a realização de mamografia a partir dos 40 anos, com periodicidade anual, o que tem suscitado o excesso de exames e a crença das mulheres de que estão dessa forma protegidas. Objetivo: Identificar a idade de realização da primeira mamografia para detecção precoce do câncer de mama e seus fatores relacionados. Métodos: Foram utilizados dados de estudo suplementar ao Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), obtidos por entrevistas a 675 mulheres funcionárias públicas, ativas e aposentadas, residentes na Bahia e com idade, na ocasião da entrevista, de 50 a 69 anos. Resultados: As mulheres começam a realizar o exame antes da faixa etária recomendada sendo 44,7% entre 40 – 49 anos e somente 6,5% fizeram a primeira mamografia entre 50 – 69 anos. Apenas 5 participantes nunca haviam realizado o exame. Escolaridade, renda e situação conjugal não se mostraram estatisticamente associadas à idade de realização da primeira mamografia. Entretanto, ter plano de saúde foi um fator que aumentou a chance de realizar o exame fora da faixa recomendada. Considerações finais: No Brasil, mamografias de rastreio para câncer de mama vem sendo realizadas em faixa etária anterior à preconizada pelo Ministério da Saúde, de modo oportunístico e, ao que tudo indica, com baixa efetividade. Faz-se necessário promover novos espaços para discussão acerca da temática a fim de sensibilizar os profissionais de saúde e esclarecer as mulheres de modo a permitir decisões informadas quanto ao enfrentamento do câncer de mama.