No Brasil, a violência é considerada um problema de saúde pública recorrente que sempre esteve presente nas sociedades e em classes sociais distintas. Em sua tipologia, a violência contra mulher é uma manifestação da cultura machista e patriarcal em nossa sociedade que vem se naturalizando ao longo dos séculos. Trata-se de um estudo retrospectivo e descritivo cujo objetivo é analisar o perfil das mulheres vítimas da violência em um município do Sul da Bahia. Os dados secundários foram coletados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) disponibilizados no site da Superintendência de Vigilância em Saúde do Estado da Bahia (SUVISA-BA) referentes ao período de 2009 a 2017. Para análise adotou-se a frequência e a distribuição em percentuais. Os resultados revelaram que no período em estudo foram notificados 1401 casos de violência, destes 1.001 foram contra a mulher o que corresponde a 71,45% dos casos notificados no período. Os resultados apontam que a maioria das mulheres vítimas de violência encontra-se na faixa etária de 15-39 anos, se autodeclaram parda, solteiras, heterossexuais, cuja escolaridade não chega ao ensino fundamental completo, não apresentando nenhum tipo de deficiência ou transtorno e residem na zona urbana do município. Chama atenção o alto percentual de sub-registro no que diz respeito ao campo ignorado/branco, sendo superior a 50% em todas as variáveis do estudo. Ademais, frente a esse resultado observa-se a necessidade de uma conscientização dos profissionais do município para importância do preenchimento dos campos da ficha de notificação visto que a informação de qualidade é primordial para a formulação e implementação de políticas públicas que contribuam para a eliminação da discriminação e violência de gênero e a promoção e proteção dos direitos da mulher por meio da adoção de medidas legais, políticas e programáticas no sentido de erradicá-la.