INTRODUÇÃO: A intoxicação exógena é considerada entre os três principais meios utilizados no comportamento suicida, que abarca ideações e tentativas de suicídio por meio da exposição intencional ao uso de medicamentos e/ou substâncias químicas diversas de uso industrial ou domiciliar. Apesar da Organização Mundial de Saúde apontar a média de 1 suicídio a cada 45 minutos no Brasil, os números ainda são subnotificados, dado o contexto histórico, social e cultural que envolve desinformação e preconceito, impossibilitando o contato mais sensível e realista com o fenômeno. Como problema de saúde pública, é necessário o reconhecimento dos fatores sociodemográficos e psicossociais que fazem parte do doloroso processo que tem o suicídio como resultado final. OBJETIVO: Descrever as características dos pacientes atendidos por tentativas de suicídio decorrentes de intoxicação exógena. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo com análise documental dos prontuários e das fichas de notificação de um hospital geral do interior do Rio Grande do Norte. Foram examinados os documentos com diagnóstico por tentativa de suicídio e com preenchimento correto de pacientes admitidos nesta unidade pela enfermagem, no período de 2015 a 2016, seguindo os preceitos éticos da pesquisa. RESULTADOS: Dentre 94 documentos analisados, 58 pacientes foram atendidos em consequência de intoxicação exógena, sendo predominantemente mulheres, idade média de 25,7 anos (variação entre 16 e 63 anos), solteiro, usuárias de substâncias psicoativas; escolaridade ensino fundamental, média de 7,2 anos estudados. A ocorrência foi mais frequente devido a ingestão de superdosagem de medicamentos em horário noturno que corresponde à entrada no setor de urgência e emergência do hospital, através da regulação, e em seguida tiveram como destino a alta hospitalar, encaminhamento para o centro cirúrgico, Unidade de Terapia Intensiva ou hospital psiquiátrico. CONCLUSÃO: Há ainda limitação na obtenção dos dados devido à falta do preenchimento das fichas de notificação em consequência da alta demanda de atendimentos pela enfermagem no setor de urgência e emergência. Todavia, concluiu-se que é urgente o investimento em informação entre profissionais de saúde, educação e assistência social, para que seja possível a articulação de estratégias de prevenção ao suicídio de modo que a identificação precoce dos fatores de risco se dê a tempo de acionar o acompanhamento em saúde mental.