A violência contra a mulher é considerada um problema de saúde pública, dentre seus diversos tipos, destaca-se o estupro. Essa forma de violência é de difícil notificação devido a ampla discussão acerca do que se configura como estupro. Este estudo tem por objetivo correlacionar os casos de estupros registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) no município de Itabuna-BA. Trata-se de um estudo retrospectivo e descritivo, cujos dados secundários foram coletados na DEAM-BA e SINAN referentes ao período de 2012 a 2017. Os dados foram comparados a fim de verificar a compatibilidade entre os mesmos. Nos anos de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017 foram registrados pela DEAM 28, 22, 28, 27, 20 e 25 casos de estupro, respectivamente. Enquanto que o SINAN registrou no mesmo período, 16, 17, 15, 13, 13 e 17 casos, respectivamente. Os registros revelam dissonâncias entre os dados, visto que o número de casos registrados na DEAM-BA é superior aos do SINAN. Essas diferenças podem ocorrer devido ao desconhecimento dos profissionais de saúde sobre as definições do termo estupro, à não priorização da assistência à saúde à este tema, ao receio das mulheres em procurar os serviços de saúde, já que o assunto ainda é considerado um tabu, e à falta de integração entre os sistemas de saúde e de segurança pública do município em questão. Apesar da magnitude em torno do estupro, esse ainda é um assunto velado socialmente e, muitas vezes, invisibilizado pelo serviço de saúde. Assim, é vital a realização de estudos que aprofundem tal tema, propiciando um perfil real da situação para promover políticas públicas eficientes. Ademais, recomenda-se a junção dos sistemas de informação existentes nos serviços, a capacitação e a sensibilização dos profissionais de saúde para o atendimento.