Anais - 21º CBCENF
Resumo
Título:
PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE NO CONTEXTO DE PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO
Relatoria:
LUCAS LUÍS MOREIRA FRANÇA
Autores:
- Kamylla Cavalcante Taques dos Reis
- Danielle Auxiliadora Malheiros
- Simone Aparecida Lima Ribeiro
Modalidade:
Pôster
Área:
Políticas Públicas, Educação e Gestão
Tipo:
Relato de experiência
Resumo:
Os programas de Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) são uma modalidade de ensino de pós-graduação lato sensu, caracterizada pelo ensino em serviço e formação integrada a comunidade. Inseridos na realidade dos serviços de saúde, é consequente que os programas de residência estejam sujeitos ao contexto de precarização do trabalho. O objetivo deste estudo é refletir a vivência da RMS no contexto político de precarização do trabalho. Trata-se de um relato de experiência de residentes e egressos do Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde do Adulto e do Idoso com Ênfase em Atenção Cardiovascular (PRIMSCAV), com foco no processo de trabalho e identidade profissional dos residentes. O PRIMSCAV, em funcionamento desde 2010, integra as ações de enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais, divididos em equipes multiprofissionais, que tem como intuito a assistência especializada em atenção cardiovascular ao adulto e idoso. São desenvolvidas atividades práticas e teórica, com carga horária semanal de 60 horas, supervisionadas por preceptores e tutores. Assim, o equilíbrio entre o serviço/prática e objetivos pedagógicos é primordial, o que confere o status de pós-graduação do tipo RMS, e um processo de trabalho distinto do preceptor, focado na formação especializada, atribuindo a identidade de residente. Porém, tal equilíbrio está distante da realidade do PRIMSCAV, pois o residente se insere nos campos práticos e reflete processos de trabalho semelhante ao do preceptor, de maneira técnica e acrítica, por estarem inseridos em um serviço precarizado, de estrutura e recursos humanos e, sem apoio de instâncias pedagógicas da RMS, o residente não é capaz de sustentar os processos de trabalho propostos. Considerando o contexto de implementação das RMS no país, cercado pelos conflitos entre os projetos em disputa na saúde - reforma sanitária e privatista, há o fortalecimento de situações de precariedade no processo de trabalho do residente, e, por conseguinte, das instituições de saúde. Assim, o mesmo é exposto às condições de exploração da força de trabalho, que refletem na quebra da identidade do residente, caracterizado pelas práticas integrais e interdisciplinares. Por fim, os programas de RMS se direcionam no sentido da presença do residente como uma possibilidade de mão de obra barata e precária nas instituições, se contrapondo à formação de profissionais críticos.