Este estudo tem como objetivo discutir a Educação Permanente em Saúde (EPS) realizada com a equipe de enfermagem em um Centro de Atenção Psicossocial “Álcool e outras drogas”, à luz das Portarias de EPS elaboradas pelo Ministério da Saúde e pela construção cotidiana das ações a partir da Clínica de Redução de Danos (RD). Para atender a esta proposta, foi realizado relato de experiência e pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo entre o período de 2002 a 2017, utilizando como critérios para inclusão na pesquisa, os artigos relacionados ao tema proposto, disponibilizados na íntegra e em idioma português. O relato de experiência foi composto pelo diálogo cotidiano com a equipe de enfermagem sobre as práticas de trabalho realizadas e a possibilidade de construção de um cuidado que incluíssem o sujeito em sua integralidade. As pesquisas bibliográficas orientaram as práticas consolidando um espaço de Educação Permanente dentro do serviço. Sendo considerado um espaço de fortalecimento de vínculo e ensino e aprendizado entre os profissionais e os profissionais e os usuários do serviço, a EPS possibilitou a reflexão sobre as práticas clínicas que atendessem a população e sua complexidade. A EPS deu sentido a uma construção em ato com a equipe de enfermagem, de um cuidado que incluísse a queixa real do usuário, ou seja, a possibilidade de atender o sujeito enquanto alguém que traz consigo, pelo viés dos sintomas corporais, a necessidade de ser ouvido, de ser inserido no serviço, na rede de apoio (seja ela de saúde, familiar, ou ao território). As discussões estavam voltadas para uma clínica de Redução de Danos, em que o sujeito pudesse ser cuidado a partir de uma ótica ampliada, e não apenas pelo uso momentâneo de determinada substâncias psicoativas (SPA’s). Para tanto, a construção de um processo de trabalho e das consultas de enfermagem com abordagem integral ao usuário, se fez necessário para implantação de uma assistência que se aproximasse da demanda do usuário e das diretrizes colocadas pela lei. Dar voz a equipe de enfermagem e desmistificar o objeto de cuidado até então operacionalizado pelo núcleo de trabalho como ‘doente mental’, tornou possível outras possibilidades de cuidado, para além da perspectiva da cura e da estabilidade, garantindo assim os direitos dos usuários e maior autonomia à equipe de enfermagem.