INTRODUÇÃO: A transexualidade desconstrói regras perpetuadas ao longo do tempo pela influência patriarcal de uma sociedade baseada em valores judaico-cristãos e essa inadequação às tais regras acaba por gerar exclusão e marginalização, inclusive dos ambientes de saúde. Durante o curso de graduação de enfermagem, observou-se uma ausência da abordagem do assunto nas aulas, o que gerou incômodo e a reflexão de que essa falta pode resultar na formação de profissionais despreparados e sem um olhar integral às demandas de saúde dessa parcela populacional. OBJETIVO: Analisar a percepção dos graduandos de enfermagem do último ano acerca da população trans e suas demandas de saúde. MÉTODO: Pesquisa com abordagem qualitativa, do tipo descritivo-exploratório, que contou com a participação de 24 acadêmicos do último ano de graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foram aplicados dois instrumentos de coleta de dados: formulário sócio-econômico-demográfico e roteiro de entrevista semiestruturada. Os conteúdos gerados pela entrevista foram processados pelo software ALCESTE versão 2012. RESULTADOS: Os resultados indicaram que ainda existem muitas dúvidas e confusões em relação a terminologias e definições, bem como algumas concepções estereotipadas relacionadas à transexualidade. A terapia hormonal e as cirurgias de redesignação sexual foram vistos como demandas de saúde específicas dessa população, apesar de uma parcela significante apontar que não existe demandas específicas pois “somos todos iguais”. Há uma concordância de que a temática é pouco ou nada abordada durante a graduação, gerando uma preocupação entre os estudantes acerca do despreparo na vida profissional para lidar com essa clientela. CONCLUSÃO: Conclui-se a necessidade de atualização do currículo acadêmico, bem como da forma de se pensar o atendimento a grupos vulneráveis, como é o caso do público trans, para que os futuros enfermeiros estejam preparados para fornecer um cuidado integral e equânime.