A transição epidemiológica remodelou as condições de morbidade e mortalidade no país, que hoje é marcada por um perfil populacional com maior expectativa de vida, e de portadores de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e incapacitantes, muitas destas sem possibilidades de cura, gerando um novo grupo de pacientes formado por indivíduos dependentes de cuidados singulares e integrais. Assim os cuidados paliativos tornam-se cada vez mais necessários com o propósito de possibilitar a integralidade do cuidar, e, a qualidade de vida. Sabendo-se da complexidade desta prática, e do desconhecimento e/ou desinformação como cuidados para além do contexto da finitude, conhecer a visão e sentimentos de enfermeiros prestadores de cuidados paliativos, e dele se apropriar, pode constituir-se em possibilidade para qualificar e humanizar o cuidar, no contexto da integralidade. O estudo em questão foi do tipo descritivo e exploratório de campo, desenvolvido com profissionais enfermeiros que atuam na atenção básica e na atenção hospitalar de um município do interior paulista. A partir da análise dos questionamentos estabelecidos quanto a preparação do profissional sobre a prática paliativa, sua percepção do significado do cuidado, as dificuldades encontradas na sua realização, os sentimentos vivenciados frente a eles, assim como os que baseiam sua relação com o paciente, as ações primordiais na assistência, e a importância do cuidado paliativo para o profissional, foi possível estabelecer a visão e sentimentos do enfermeiro na prática do cuidado paliativo nos diferentes níveis de atenção à saúde. Concluiu-se que os enfermeiros da atenção básica possuem uma visão mais ampla frente a prática paliativa e valorizam sua atuação, enquanto os enfermeiros da atenção hospitalar possuem uma visão distorcida, com foco na doença e na terminalidade, sendo necessária uma disseminação do cuidado paliativo como gerador de qualidade de vida em um contexto integral, de forma a favorecer a mudança de conduta e a criação de instrumentos que o viabilizem como tal.