A transfusão de sangue é uma tecnologia relevante na terapêutica moderna e envolve riscos, podendo levar a complicações imediatas e tardias (BRASIL, 2016). A Recuperação Intraoperatória de Sangue (RIOS) é uma alternativa à transfusão de sangue que pode reduzir necessidade de reposição transfusional em pacientes submetidos a cirurgias com grandes sangramentos. Na realidade cirúrgica o choque é um obstáculo presente e a morte por hemorragia representa uma dificuldade a nível mundial (MEDEIROS; FILHO, 2017). O uso da RIOS nas intervenções cirúrgicas de urgência, vem favorecer a transfusão de hemácias de forma imediata, pelo reaproveitamento de sangue perdido no campo operatório e reinfusão no próprio paciente, como método alternativo a transfusão alogênica. Objetivou-se relatar a experiência de uso da RIOS na urgência, em pacientes politraumatizados no hospital de trauma do Ceará. Trata-se de um relato de experiência descritivo, relacionado ao manuseio e acompanhamento da RIOS em cirurgias com grande potencial de sangramento no intraoperatório, com realização de 21 cirurgias de alta complexidade no período de Nov/16 à Jun/18, especialmente na Toracotomia e Laparotomia Exploradora de emergência, sendo o Enfermeiro do Serviço de Hemoterapia responsável pelo procedimento, contribuindo com a equipe cirúrgica numa abordagem transfusional diferenciada no paciente com risco de choque. A aplicação da RIOS nesse contexto, ainda é desconhecida por algumas equipes cirúrgicas, a utilização na instituição só foi possível após implantação dessa prática em cirurgias eletivas da Traumatologia e Neurocirurgia (180 casos), beneficiando vários pacientes que fizeram uso dessa tecnologia, além de ampliar nas intervenções cirúrgicas de urgência e emergência. O uso da RIOS, oportuniza uma alternativa a transfusão de sangue em pacientes com risco de receber Transfusão Maciça, evitando ou diminuindo exposição transfusional e proporcionando atendimento diferenciado no grande trauma. Vem ainda, reforçar a atuação do Enfermeiro em Hemoterapia, conforme a Resolução 511 de 2016 do Conselho Federal de Enfermagem, promovendo segurança transfusional e assistência de qualidade nas cirurgias de urgência. Espera-se com o estudo, conscientizar os profissionais quanto à atuação do Enfermeiro na prática cirúrgica no manuseio de equipamento da Hemoterapia numa abordagem individualizada ao paciente com hemorragia grave, trazendo grandes resultados na assistência de qualidade no cenário da urgência.