INTRODUÇÃO: A Atenção Primária à Saúde deve utilizar estratégias que superem o modelo tradicional de educação em saúde, que não considera relevante o conhecimento, a experiência e a cultura do usuário. Assim, a educação em saúde no diabetes mellitus deve incentivar o diálogo, a escuta ativa e reflexões dos usuários sobre o autocuidado e o manejo da glicemia, focando os aspectos socioculturais e não só a dimensão biológica da doença. OBJETIVO: Realizar com um grupo de usuários com diabetes uma abordagem educativa problematizadora baseada no círculo de cultura de Paulo Freire. MÉTODO: Usuários com diabetes, na faixa etária de 30 a 60 anos, de uma Estratégia Saúde da Família do município de Bragança-Pará, foram convidados a participar dos círculos de cultura, que se desenvolveram nas fases: levantamento temático realizado pelo pesquisador; escolha dos temas geradores pelo grupo, a partir da reflexão da pergunta: quais são os desafios em se ter diabetes?; Problematização, com uso de fotos, desenhos sobre os temas; desvelamento crítico, que ao tomar consciência crítica da vivência no diabetes, transformam sua realidade. A avaliação dos círculos de cultura será usada à árvore do autocuidado. RESULTADO: 7 usuários (6 mulheres e 1 homem, média de idade de 50 anos) participaram de 4 círculos de cultura. No 1º círculo, o grupo escolheu os temas geradores diabetes/complicações, alimentação e cuidado com os pés. Os temas foram problematizados e desvelados no 2º, 3º e 4º círculo, com utilização de fotos de complicações do diabetes, ilustrações de EVA da corrente sanguínea, pâncreas, insulina e glicose, desenho de prato saudável, pirâmide alimentar com réplicas de alimentos, fotos de pés com complicações. Na problematização, o grupo refletiu sobre situações enfrentadas no autocuidado: Muito caro comida integral. No desvelamento, tiveram um olhar diferenciado frente ao autocuidado: Eu sei que não vou tirar assim a farinha, de uma vez, mas vou comer mais verdura e fruta pra compensar. Na avaliação dos círculos, o grupo relatou a importância do usuário na construção do saber: Eu gostei das nossas conversas, me senti importante em saber que estavam ouvindo o que eu falava e aprendendo comigo. CONCLUSÃO: Realizar os círculos de cultura na Estratégia Saúde da Família possibilitou o diálogo, a escuta e a interação entre os usuários, contribuindo para que fossem sujeitos ativos nos debates, refletindo criticamente sobre os temas geradores e sobre o autocuidado com o diabetes.