A comunicação não verbal abrange um amplo espectro de expressões faciais e corporais. Nela, processos não linguísticos possuem significados específicos e transmitem diversas mensagens, por meio de comportamentos, gestos, volume e modulação da voz, sons, reações emotivas, entre outros. Podem se apresentar tanto de forma consciente ou não. Dessa perspectiva, a pesquisa objetivou evidenciar os aspectos não verbais mais expressivos em situações de assistência pré-natal a adolescentes no contexto da consulta de pré-natal da Atenção Básica. Trata-se de um estudo explicativo, de abordagem qualitativa em uma unidade da ESF da região Sul de Cuiabá (MT), a partir da observação participante de 11 consultas da enfermeira com gestantes adolescentes. A análise dos dados fundamentou-se em pressupostos da codificação não verbal. Aprovação CEP-HUJM nº 1.375.310. Na prática analisada, percebeu-se que a enfermeira expressa inúmeras expressões faciais e gestos corporais que denotam distanciamento na interação com a adolescente, tendo em vista que a mesma estabelece pouco contato visual durante a consulta, não sorri, assim como mantém uma postura corporal lateralizada e o campo de visão direcionado ao computador presente em sua mesa, se mantendo nessa posição durante praticamente toda a consulta, ao que justifica como uma necessidade devido o preenchimento do prontuário eletrônico, fato que demonstra o foco de sua atenção durante a assistência. Em contrapartida, a adolescente mostrou-se mais aberta e interessada na consulta, a partir de diferentes expressões corporais como por exemplo, sentar de frente para a mesa, inclinar o corpo para frente, colocar as mãos na mesa para aproximar-se e manter o olhar na enfermeira e no prontuário eletrônico. Foi possível observar que nas situações em que a adolescente é recriminada, repreendida ou ignorada, apesar de manter-se em silêncio e sem alterar sua expressão facial, ela se afasta da mesa, inclina o tronco para trás e cruza os braços, indicando que sua não verbalização não indica passividade. A análise mostrou que a enfermeira utiliza a elevação do tom de voz como reforço à linguagem verbal, principalmente ao emitir recriminações. Os componentes não verbais se constituem como o aspecto mais significativo do processo comunicacional, dessa forma é imprescindível que os profissionais de enfermagem possuam habilidades instrumentais tanto em utilizar esses elementos quanto de reconhecê-los, visando a melhoria da assistência prestada.