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Anais - 19º CBCENF

Resumo

Título:
PRÉ-NATAL DE ADOLESCENTES NA ATENÇÃO BÁSICA: PODER SIMBÓLICO NA CONSULTA DE ENFERMAGEM
Relatoria:
TUANY PETUNIA CARVALHO GONÇALVES
Autores:
  • EDIR NEI TEIXEIRA MANDÚ
  • NAYARA BUENO ARAÚJO
Modalidade:
Pôster
Área:
Inovação, Tecnologia e Cuidado
Tipo:
Pesquisa
Resumo:
Todo processo interacional-comunicacional é político-social e opera aos moldes de um mercado simbólico, no qual cada indivíduo produz e negocia sentidos sociais, e lutam para se fazer reconhecer. Os interlocutores e comunidades discursivas ocupam posições simbólicas móveis e negociáveis, que lhes conferem maior, igual ou menor poder de impor o predomínio de seus discursos, construídos a partir de variadas fontes e vozes sociais. Dessa perspectiva, a pesquisa objetivou analisar as posições simbólicas que adolescentes gestantes e profissionais que lhes prestam cuidado ocupam no contexto da consulta de pré-natal da Estratégia Saúde da Família (ESF). Trata-se de um estudo explicativo, de abordagem qualitativa em uma unidade da ESF da região Sul de Cuiabá (MT), a partir da observação participante de onze consultas da enfermeira com gestantes adolescentes, além de entrevistas em profundidade, com roteiro semiestruturado com nove destas e com a enfermeira. A análise dos dados fundamentou-se nas categorias analíticas comunicação e mercado simbólico, tal como discutidas por Inesita Araújo. Aprovação CEP-HUJM nº 1.375.310. Ao analisar a posição simbólica dos interlocutores, verificou-se que a enfermeira ocupa quase que permanentemente uma posição centralizada e de maior poder quando comparada às adolescentes. Tendo em vista a manutenção dessa dinâmica, a enfermeira utiliza de inúmeras estratégias como, por exemplo, eleva o tom de voz, ignora o que é questionado pela adolescente, bem como a recrimina e a repreende. Apesar da aparente passividade da adolescente, a mesma faz tentativas para se fazer reconhecer e às ideias que traz, seja ao repetir e retomar assuntos de seu interesse, ao defender-se ou manter-se em silêncio. Na prática analisada, relevada a posição institucional e social da enfermeira e das adolescentes, encontrou-se a forte presença de relações de dominação e deslegitimação do discurso das adolescentes. A disparidade do poder simbólico no pré-natal compromete a qualidade do cuidado à saúde das adolescentes, reforça o que estas podem ou não ser e exercer, espaços que podem ou não ocupar, segundo desigualdades estabelecidas de oportunidades e direitos.