Introdução: O consumo abusivo de drogas e a consequente dependência, aliados ao surgimento de novas substâncias contribuíram para a ocorrência de problemas individuais e sociais causados pela dependência física e psíquica. Essa problemática exigiu uma política de saúde com estratégias voltadas aos usuários de drogas, cujo objetivo é ampliar o acesso à atenção psicossocial e garantir a integralidade da assistência às pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas e suas famílias, por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), tendo os Centros de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas (CAPSad) como o eixo de referência na atenção os usuários. Porém, o problema perpassa pela simples oferta de serviços e assume uma causalidade multifatorial, haja vista a não adesão dos usuários ao tratamento, com índices elevados de abandono. Objetivo: averiguar os fatores associados ao abandono do tratamento para a dependência química por usuários de um CAPSad de um município da Paraíba, de modo a fornecer informações que possam subsidiar os gestores no processo de tomada de decisão. Metodologia: pesquisa descritivo-exploratória de abordagem quantitativa, de caráter retrospectivo e em fonte documental para analisar o período de Fevereiro de 2010 a Junho de 2013. Os dados foram coletados num CAPSad da Paraíba, obtendo-se uma amostra de 706 prontuários. A análise foi feita no R versão 2.15.3 e utilizou-se da Regressão Logística e do Teste Qui-quadrado de Pearson a 5%. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Paraíba sob Protocolo nº 0590/2013 e CAAE: 23077913.0.0000.5188. Resultados: foram evidenciados como fatores predisponentes ao abandono do tratamento o número de drogas de abuso maior ou igual a 03, estado civil solteiro, consumo de crack e consumo de álcool. Como fatores favoráveis à adesão ao tratamento foram identificados a internação, relação familiar ruim, benefício social e idade de 41 aos 50 anos. Conclusão: a adesão ao tratamento é multifatorial e depende de um trabalho articulado na RAPS, com políticas públicas que ofereçam apoio ao usuário e coparticipação familiar, com equipes multiprofissionais para mediar a relação entre o usuário e família, na tentativa de fortalecer os vínculos afetivos e a continuidade do tratamento, cabendo aos gestores a responsabilidade por garantir o acesso a uma assistência integral e equânime, oferecendo serviços de qualidade e equipes capacitadas.