O parto é um fenômeno biológico, emocional e social. Assim, vários são os aspectos que podem influir na forma como a mulher o vivenciará, na sua postura frente a ele, bem como no modo de percebê-lo. Os sentidos dados ao evento, pelos sujeitos e grupos, são sempre construídos de modo próprio, socialmente contextualizado e em meio a relações de poder. Assim, eles são diversos, mutáveis e negociáveis nas interações sociais, manifestando-se nos discursos. Dessa perspectiva, em uma pesquisa descritivo-qualitativa, objetivou-se analisar os sentidos sociais de adolescentes grávidas, que vivem em contextos de vulnerabilidade social, a respeito do parto. Dela participaram 12 adolescentes em pré-natal em quatro unidades da Estratégia Saúde da Família de Cuiabá, Mato Grosso, em atividades de grupo focal e entrevista individual, em 2014. Na análise utilizaram-se princípios e categorias da Análise Crítica de Discurso de Fairclough. A pesquisa foi aprovada pelo Parecer Ético 624.671/2014. As participantes expressaram medo do parto, relacionado à dor imaginada ou vivida, e/ou à interpretação de que o mesmo, na adolescência, está sujeito a complicações. Nessa construção, identificou-se a influência da existente ideia social de que o parto normal é sinônimo de sofrimento, em especial na adolescência. Esta compreensão foi intermediada, junto às adolescentes, especialmente por mulheres de sua convivência, em um contexto de reduzida influência dos trabalhadores do pré-natal na elaboração de percepções críticas a respeito do assunto. Essas influências associadas à pequena vivência reprodutiva de adolescentes e à carência de informações e do diálogo em torno do assunto reforçam o medo entre elas e, também, a permanência daquelas compreensões, em meio ao interesse social de controle do fenômeno da parturição na adolescência.