Estudos demonstram que a obesidade compromete a vida das pessoas, inclusive na percepção de sua imagem e estima e, embora a cirurgia bariátrica seja um procedimento geralmente eficaz e necessário para a redução do peso, não garante, por si só, uma satisfatória e duradoura sensação de conforto e bem estar. A cirurgia retira o excesso de peso que tanto incomoda, mas pode não ter o efeito esperado sobre as implicações psicossociais e culturais acarretadas por anos experienciando o viver em obesidade. Assim, a pessoa ancorada nas vivências de seu antigo corpo e estimulada pelo apelo ao corpo magro, belo e saudável começa a considerá-lo como um rascunho a ser corrigido, com o objetivo de modificar o olhar sobre si e o olhar dos outros a fim de sentir-se existindo plenamente frente a uma sociedade que consagra a imagem corporal antes tudo(7). Este relato de experiência buscou refletir e contribuir trazendo novos elementos sobre a experiência da obesidade após a cirurgia bariátrica, objetivando compreender a interpretação por duas mulheres e uma cuidadora que realizaram cirurgia bariátrica na relação com a imagem corporal e os sentimentos sobre a obesidade. Utilizamos a abordagem qualitativa apoiada nos conceitos da hermenêutica que trabalha com a comunicação da vida cotidiana e do senso comum, através da compreensão do seu contexto e sua cultura. A coleta de dados ocorreu no período de junho a setembro de 2011, por meio de entrevistas com uma pergunta norteadora: Fale-me sobre a sua vida. Esta pesquisa foi aprovada sob o número 025/CEP – HUJM 2011, em junho de 2011, pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Por meio de uma postura hermenêutica procuramos nos situar a favor das experiências narradas considerando-as como um horizonte de possibilidades que não foram antecipadamente escolhidas. Evidenciamos que os sentimentos emergidos foram de temor ao retorno da experiência de obesidade vivenciada antes da cirurgia, descrito na categoria - tenho medo de engordá de novo e, a percepção da imagem corporal foi de um renascimento do próprio corpo apresentado na categoria – Eu me sinto uma nova pessoa!. O estudo permitiu compreender que, na interpretação de suas participantes, o sonho de viver bem com os seus corpos requer a normalização dos mesmos em um padrão aceito socialmente: o corpo magro, saudável e bonito. Esse sonho as impulsionam a buscar na cirurgia bariátrica esse corpo idealizado.