Introdução: A Residência Multiprofissional em Saúde da Família tem por objetivo a formação de profissionais com competências para atender ao Sistema Único de Saúde (SUS), visando alcançar a integralidade no cuidado de famílias em situações de vulnerabilidade. Nesta perspectiva de atuação, a abordagem familiar induz os profissionais a ampliar a clínica. A complexidade de situações de vida que emergem do território desafiam os profissionais a repensar metodologias propostas pela clínica tradicional biomédica. Objetivo: Relatar a experiência de residentes na construção do Projeto Terapêutico Singular (PTS) a famílias em situação de vulnerabilidade em uma Estratégia de Saúde da Família de Rondonópolis-MT. Metodologia: Inicialmente fora realizado educação permanente com a equipe para divulgar a importância da clínica ampliada e de instituir o PTS como instrumento na gestão do cuidado. Em seguida foi aberta uma agenda para realização de consultas conjuntas dos casos considerados mais complexos. Durante os atendimentos o PTS era construído pela equipe junto ao usuário nos seguintes aspectos: queixa individual e da família, histórico da família, lista de problemas, vulnerabilidades identificadas de acordo com a escala de Coelho, genograma e ecomapa, histórico de ações já realizadas, principais dificuldades da equipe em relação à família, diagnóstico multiaxial, ações a serem desenvolvidas, profissionais envolvidos, resolutividade e evolução. Resultados: Em doze meses foram construídos vinte PTS, esta ferramenta proporcionou o acompanhamento integral segundo as particularidades de cada situação trazida e reconhecida pela equipe ao abordarem as famílias. Além disso, impulsionou o trabalho em equipe, ampliou a clínica dos envolvidos, buscou a troca de visões e ferramentas de manejo dos casos. A clínica ampliada passou a emergir quando cada profissional começou a compartilhar suas perspectivas e a reconhecer sua limitação. Conclusão: Um elemento importante na construção do PTS foi à prática transversal da clínica ampliada. As clínicas médica, da enfermagem, odontologia, psicologia, farmácia e do agente comunitário se entrecruzaram para mostrar a situação biopsicossocial da família. Nesta prática, observou-se que é importante a organização do espaço de fala e escuta da equipe, que deve trabalhar horizontalmente. Esta ferramenta proposta pelos residentes facilitou as discussões em reuniões de equipe e despertou a reorientação para um novo modelo de cuidado em saúde.