Introdução: No mundo, o câncer do colo do útero (CCU) é a quarta causa de câncer mais comum entre as mulheres. No Brasil o CCU configura-se como a terceira neoplasia mais frequente e na região amazônica ocupa o primeiro lugar. A infecção pelo HPV é considerada o principal fator de risco para a carcinogênese cervical. De acordo com o INCA, em regiões como a Amazônia brasileira essas mulheres chegam a ser acometidas por esta doença ainda muito jovens. Objetivo: Este estudo objetivou descrever o perfil epidemiológico das mulheres ribeirinhas que realizaram o exame de rastreio do câncer do colo do útero no município de Coari/AM. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal realizado com 412 mulheres da área rural do município de Coari, no período de agosto de 2014 a fevereiro de 2015, cuja amostra foi obtida nas unidades básicas de saúde do referido município. Após assinatura do TCLE e aplicação do questionário epidemiológico, as amostras cervicais foram coletadas utilizando o kit de coleta de citologia em meio líquido (BD SurePathTM, Burlington, NC, EUA). A preparação e coloração de lâminas foram realizadas em equipamento semi automatizado BD Prepmate e PrepStain. Para as variáveis categóricas, foi utilizada a frequência absoluta e relativa e para as variáveis numéricas utilizou-se a média ± DS utilizando o programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) 16.0 for Windows. Resultados: A média de idade das participantes foi de 36 anos (DP = 13 anos). Cerca de 53,4% tinham obtido apenas o ensino fundamental incompleto. As participantes apresentaram uma média de 4 filhos (DP: 3,2), eram de união estável (52,4%) e eram agricultoras (39,9%). A média de idade da primeria relação sexual foi de 15 anos (DP = 2,3%). A maioria (60,2%) das entrevistadas informou ter apresentado mais de um parceiro sexual durante a sua vida, nunca terem usado preservativos (43,4%). Quanto a realização de exames preventivos, a maioria (67,5%) informou realizar o exame uma vez ao ano. Das 412 participantes, 55 mulheres realizaram citologia, das quais 14 (25,5%) apresentaram resultados dentro da normalidade e 41 (74,5%) apresentaram resultados alterados. Das alterações, 7 (50%) apresentaram ASCUS, 5 (35,7%) LSIL e 2 (14,3%) HSIL. Conclusão: Observou-se uma alta prevalência de alterações pré-malignas na população estudada, sendo necessárias políticas públicas voltadas para a organização dos programas de rastreio do câncer do colo do útero, com controle da incidência das lesões.