Anais - 19º CBCENF
Resumo
Título:
O LEGADO DO PROGRESSO: SAÚDE E TRABALHO NA REGIÃO DA BR 163 – MATO GROSSO – BRASIL
Relatoria:
JANETE SILVA PORTO
Autores:
- SUELI PEREIRA CASTRO
- VERA LÚCIA NAVARRO
Modalidade:
Pôster
Área:
Trabalho, Legislação e Ética
Tipo:
Dissertação
Resumo:
Introdução: A região da BR 163 é de relevante importância econômica para o estado e para o país. Entretanto, as condições de vida e trabalho mostram-se precárias, tornando a região produtora também de agravos à saúde da população. Objetivo: O texto pretende descrever a inserção dos trabalhadores no modo de produção capitalista na área de influência da BR 163 – Mato Grosso e os impactos do trabalho na saúde. Metodologia: Trata-se de uma discussão realizada no doutorado (em curso), resgatando os resultados obtidos na dissertação de Mestrado, tendo em vista a estreita relação entre ambos. A dissertação buscou compreender as representações sociais dos trabalhadores doentes sobre a relação saúde-doença-trabalho. Estes atuavam nos setores produtivos da agropecuária, indústria madeireira e garimpos. Para coleta de dados utilizou-se a entrevista semi estruturada e a observação de campo. Resultados: A partir dos anos de 1970, uma forte atração de migrantes de várias partes do país em busca de trabalho e de terra na referida região. A expansão econômica acelerada ocorrida neste espaço tornou a BR 163 o eixo do bolsão de riqueza. E, os trabalhadores, em suas trajetórias, atuaram em madeireiras, garimpos, ou na agricultura e pecuária. Porém, como característico do sistema capitalista de produção, tanto o Estado quanto os empreendedores, relegaram a segundo plano o que era essencial para os trabalhadores e suas famílias, como as condições de vida e trabalho. As principais consequências foram: a informalidade (desamparo social no momento da doença, além do não registro dos acidentes de trabalho); a desinformação sobre os benefícios previdenciários (a ponto de o trabalhador considerar que é dele a obrigação em contribuir e se culpabilizar pelo desamparo social); a própria culpabilização e responsabilização pela ocorrência do acidente de trabalho/doença (gerando inclusive a minimização ou negação dos riscos de doenças e/ou acidentes no local de trabalho). Este fato se legitima nos serviços de saúde no momento da doença. Conclusão: é evidente a relação de dominação/exploração a que esta classe trabalhadora está submetida. Os proprietários extraem dos trabalhadores não apenas a mais valia em relação a força de trabalho, mas às condições adequadas de vida e trabalho, o que gera um passivo importante em relação aos acidentes, doenças e seguridade social a ser debitado na conta da classe trabalhadora e da sociedade em geral.