Condições desfavoráveis de cunho físico, psicológico ou social promovem situações de desvalimento e abandono social que refletem diretamente no processo saúde/doença, agregando ao indivíduo ou coletivo um potencial para o adoecimento e o considerando vulnerável. A ausência de equipes de saúde, insalubridade, má higiene, estrutura física deficitária e a superlotação do sistema carcerário brasileiro são apenas alguns componentes de um atual problema de saúde pública que aflige a população penitenciária. Ainda que exista um Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário (PNSSP) que regulamenta a assistência à saúde no sistema prisional brasileiro, destaca-se o desafio da implantação de serviços de saúde que atendam às necessidades desta população. Diante dessa conjuntura social, a enfermagem como profissão de saúde que transcende o cuidado e contempla educação, política e pesquisa, tem função fundamental na execução de práticas qualificadas que contribuam com a prevenção, tratamento, reabilitação e promoção da saúde, fortalecendo a qualidade de vida dessas populações. Este trabalho trata-se de um relato de experiência cujo objetivo é descrever a experiência da assistência de enfermagem na Unidade Prisional Maria Júlia Maranhão da cidade de João Pessoa – PB através de um Programa PROEXT financiado pelo MEC chamado “Programa de Capacitação Biopsicossocial do reeducando em processo de ressocialização: Educação para cidadania”. Foram avaliadas 47 reeducandas em regime aberto e semi aberto no período de 27 de Junho à 25 de Julho deste ano, realizando consulta de enfermagem, anamnese, exame físico geral e específico, testes rápidos para Sífilis, Hepatite C e HIV. Os resultados evidenciaram déficit de conhecimento sobre o processo saúde/doença, hábitos de vida inadequados, exposição às doenças infectocontagiosas e doenças sexualmente transmissíveis, conhecimento insuficiente sobre as formas de prevenção de doenças, insatisfação com o atendimento à saúde e receio de divulgação dos resultados de testes rápidos. A experiência permitiu conhecer as peculiaridades de saúde das reeducandas, refletindo o compromisso social da enfermagem com populações vulneráveis e ressaltando a necessidade de conteúdos no currículo de programas de graduação e pós-graduação em enfermagem que contemplem o cuidado em saúde a estes grupos. O perfil exposto poderá ser útil no planejamento de ações contínuas que contribuam para melhoria do cenário da saúde no sistema carcerário.