O acompanhamento coletivo do Crescimento e Desenvolvimento (CD) da criança consiste em uma prática que busca a descentralização do modelo assistencial biomédico, utilizando-se de tecnologias leves e promovendo o empoderamento dos cuidadores através do conhecimento sobre o processo saúde-doença das suas crianças. Sob a forma de roda de conversa, usuários e profissionais compartilham saberes e experiências acerca do CD infantil. O presente estudo tem como objetivo identificar os benefícios advindos da prática do acompanhamento do CD coletivo, sob o olhar das enfermeiras. Trata-se de pesquisa qualitativa, tendo com método a pesquisa-ação, desenvolvida em quatro Estratégias de Saúde da Família (ESF) do município de Natal/RN, com uma população de 11 enfermeiras. Foram incluídas aquelas com experiência mínima de seis meses no acompanhamento coletivo e que trabalhassem na ESF selecionada, e excluídas aquelas que não realizassem este acompanhamento. Para a coleta de dados utilizaram-se as técnicas de grupo focal e observação participante, e para análise, o método de Paulo Freire. O acompanhamento coletivo do CD traz benefícios tanto para os cuidadores quanto para os profissionais, como a melhoria na relação e no vínculo entre ambos. Além disso, destacam-se a diminuição do tempo de espera para atendimento e facilitação do empoderamento dos cuidadores acerca de temas que são mais prevalentes nessa fase da vida das crianças. Percebe-se que a roda é conduzida pelos próprios cuidadores, os quais demonstram sua maneira de cuidado e interagem entre os membros, de modo a compartilhar experiências e aprendizados, estratégia importante para que o usuário perceba que o profissional não é o único detentor do conhecimento: “O CD coletivo existe para que cada mãe coloque a sua experiência” (ENF 2). “O saber delas é muito importante para a consulta. Elas detectam coisas que, como profissional, eu não vi”. (ENF 6). Outros benefícios são a otimização do tempo para atendimento, se tornando menos desgastante para o profissional, e a melhor promoção do processo de educação em saúde. Percebe-se o quanto este fazer pode gerar satisfação por parte da comunidade e dos profissionais envolvidos, o que é evidenciado pelos seus concretos benefícios, sobretudo, para os usuários, no âmbito da atenção primária à saúde.